
Em uma manobra estratégica para contornar uma proibição iminente, a ByteDance, empresa-mãe do TikTok, estaria desenvolvendo uma versão do aplicativo exclusiva para os Estados Unidos. A informação, vinda de fontes familiarizadas com o assunto, sugere um plano complexo que busca satisfazer as exigências da legislação americana sem forçar a venda completa de seu valioso algoritmo de recomendação.
O plano, ainda não confirmado oficialmente, consistiria em uma divisão radical das operações. A versão global do TikTok, usada no resto do mundo, incluindo o Brasil e o Japão, permaneceria sob o controle total da ByteDance, mantendo seu algoritmo atual. Em paralelo, uma nova entidade empresarial, sediada nos EUA, seria criada para gerenciar uma versão “americana” do TikTok. Esta nova versão seria a única disponível para download nas lojas de aplicativos da Apple e do Google nos Estados Unidos e operaria com um algoritmo de recomendação independente, desenvolvido do zero ou significativamente modificado para ser distinto do original.
Esta estratégia é uma resposta direta à lei sancionada pelo presidente Joe Biden em abril de 2024, que classifica o TikTok como uma ameaça à segurança nacional. A legislação, intitulada “Protecting Americans from Foreign Adversary Controlled Applications Act”, deu à ByteDance um prazo de 270 dias (com uma possível extensão de 90 dias), que termina em 19 de janeiro de 2025, para vender suas operações nos EUA a uma empresa não chinesa ou enfrentar uma proibição total no país.
A ByteDance está, simultaneamente, contestando a lei nos tribunais, argumentando que ela é inconstitucional. No entanto, o desenvolvimento de um aplicativo separado funciona como um “plano B” crucial caso a batalha legal não tenha sucesso. A data de 5 de setembro, mencionada em relatórios iniciais, é provavelmente um alvo interno ou uma data especulativa, já que o prazo legal se estende até o início de 2025.
O cerne da questão sempre foi o algoritmo de recomendação do TikTok, considerado a “joia da coroa” da ByteDance e um ativo tecnológico que o governo chinês já indicou que não permitiria a venda para uma entidade estrangeira. Ao criar um novo aplicativo com um novo algoritmo, a ByteDance poderia, teoricamente, vender a operação americana (a nova empresa e seu novo app) sem entregar seu principal segredo tecnológico. Isso resolveria o impasse, permitindo que a empresa cumprisse a lei enquanto protegia sua propriedade intelectual mais valiosa.
Aviso de Transparência:
Esta matéria é baseada em informações de fontes anônimas reportadas por agências de notícias internacionais, como a Reuters. A ByteDance não confirmou oficialmente o desenvolvimento de um aplicativo separado. A empresa afirma que sua prioridade é a contestação legal da lei de desinvestimento e que uma proibição seria devastadora para os 170 milhões de usuários americanos.
A execução deste plano apresenta desafios gigantescos. Construir um algoritmo de recomendação do zero que possa competir com o original é uma tarefa monumental. Além disso, a migração de dados de usuários, conteúdo de criadores e conexões sociais da plataforma existente para a nova seria uma operação técnica e logisticamente complexa, com alto risco de alienar sua base de usuários. Questões sobre como os criadores de conteúdo seriam compensados e como a experiência do usuário seria mantida são, por enquanto, incertas.
Esta não é a primeira vez que o TikTok tenta apaziguar as preocupações dos EUA. O “Project Texas”, uma iniciativa de 1,5 bilhão de dólares, já buscava isolar os dados de usuários americanos em servidores da Oracle nos EUA, mas a medida foi considerada insuficiente pelos legisladores. A criação de um aplicativo totalmente novo e independente é vista como o próximo e talvez último passo possível para manter o TikTok vivo em um de seus maiores mercados.
Você acredita que a criação de um TikTok exclusivo para os EUA é uma solução viável? Como você acha que os usuários e criadores de conteúdo americanos reagiriam a um novo aplicativo com um algoritmo diferente? Deixe sua opinião nos comentários.
Fontes:
Reuters, The Wall Street Journal, Bloomberg, The Verge