
Uma movimentação silenciosa, porém com potencial para abalar as estruturas do sistema financeiro global, pode estar sendo planejada pelas maiores gigantes do varejo. Empresas como Amazon e Walmart estariam avaliando a criação de suas próprias stablecoins, moedas digitais pareadas ao dólar, como uma estratégia ousada para contornar os sistemas de pagamento tradicionais e suas taxas multibilionárias.
O problema que impulsiona essa exploração é um dos mais antigos e custosos para qualquer comerciante: as taxas de intercâmbio. Cada vez que um cliente passa o cartão de crédito, seja online ou em uma loja física, uma porcentagem da transação (geralmente entre 1.5% e 3.5%) é paga a uma rede de intermediários, incluindo bancos e bandeiras como Visa e Mastercard. Somados, esses custos representaram mais de cem bilhões de dólares para os comerciantes apenas nos Estados Unidos em anos recentes, um fardo financeiro que muitas vezes é repassado ao consumidor final em forma de preços mais altos.
A solução via blockchain surge como uma alternativa revolucionária. Uma stablecoin permitiria que uma empresa como a Amazon ou o Walmart criasse seu próprio ecossistema de pagamento. As transações ocorreriam de forma quase instantânea e direta entre o cliente e a empresa, utilizando a tecnologia de registro distribuído para validar e registrar as operações. Ao eliminar os intermediários tradicionais, os custos por transação poderiam ser drasticamente reduzidos a meros centavos, gerando uma economia colossal.
O interesse do Walmart no setor não é novo e está bem documentado. Em 2019, a empresa registrou patentes para uma “Moeda Walmart”, um conceito de stablecoin atrelada ao dólar. Embora o projeto não tenha sido lançado publicamente na época, as patentes revelaram a ambição da companhia em criar um sistema que pudesse não apenas reduzir custos, mas também oferecer novos serviços financeiros aos seus clientes, especialmente àqueles com acesso limitado a bancos tradicionais.
No caso da Amazon, as movimentações são mais recentes e sigilosas. De acordo com fontes da indústria familiarizadas com o assunto, as discussões dentro da gigante do e-commerce ainda estão em estágios iniciais. O foco principal seria desenvolver uma stablecoin para ser utilizada em seu vasto marketplace online. A especulação sobre os planos da Amazon ganhou força em 2021, quando a empresa publicou uma vaga de emprego para um “Líder de Produto para Moeda Digital e Blockchain”, um sinal claro de que a companhia está, no mínimo, dedicando recursos para explorar seriamente o potencial da tecnologia.
No entanto, a jornada para lançar uma “Amazon Coin” ou uma “Walmart Coin” é repleta de desafios. O principal obstáculo é a incerteza regulatória nos Estados Unidos e em outras partes do mundo. Governos e bancos centrais ainda debatem como classificar e supervisionar as stablecoins, preocupados com a estabilidade financeira, a prevenção à lavagem de dinheiro e a proteção do consumidor. Qualquer grande varejista que se aventure nesse campo enfrentará um escrutínio regulatório intenso. Além disso, há desafios técnicos de implementação em larga escala e a necessidade de convencer milhões de clientes a adotarem uma nova forma de pagamento.
Ainda assim, o potencial de economia e a possibilidade de criar um ecossistema financeiro próprio são incentivos poderosos demais para serem ignorados. Se uma gigante com a base de clientes da Amazon decidisse implementar sua própria moeda digital, oferecendo pequenos descontos como incentivo, a adoção poderia ser massiva e rápida. Tal movimento não apenas redefiniria a estrutura de custos do varejo, mas também representaria o maior desafio já enfrentado pelo duopólio da Visa e Mastercard, forçando uma transformação em toda a indústria de pagamentos.
Você usaria uma “Amazon Coin” para fazer suas compras online se isso significasse descontos ou benefícios? Acredita que as stablecoins podem realmente desafiar o domínio das bandeiras de cartão de crédito? Deixe sua opinião nos comentários!
As informações sobre o interesse do Walmart em stablecoins são baseadas em registros de patentes públicos. As discussões atuais por parte da Amazon, mencionadas nesta matéria, são baseadas em relatos da imprensa que citam fontes anônimas familiarizadas com o assunto e não foram oficialmente confirmadas pela empresa. O interesse da Amazon no setor é corroborado por anúncios de vagas de emprego anteriores.
Fontes:
Relatos da imprensa (baseados em fontes anônimas), Registros de patentes dos EUA