A evolução da inteligĂȘncia artificial (IA) estĂĄ cada vez mais prĂłxima de transformar a maneira como vivemos em casa. Pesquisadores e empresas de tecnologia estĂŁo utilizando o aprendizado de mĂĄquina, uma vertente da IA, para treinar robĂŽs capazes de realizar tarefas domĂ©sticas, como cozinhar, limpar e organizar ambientes. Em 25 de fevereiro de 2025, esse campo de inovação ganha destaque com avanços que prometem levar assistentes robĂłticos ao cotidiano das famĂlias, reduzindo o tempo gasto em afazeres e oferecendo soluçÔes prĂĄticas para o dia a dia.

Um dos projetos mais notĂĄveis vem da Toyota, que estĂĄ desenvolvendo robĂŽs que aprendem a executar tarefas ao observar humanos. Em parceria com a Universidade de Stanford, a montadora japonesa utiliza uma tĂ©cnica chamada “polĂtica de difusĂŁo”, semelhante Ă usada em geradores de imagens por IA, para ensinar robĂŽs a decidir açÔes em fraçÔes de segundo. Esses robĂŽs sĂŁo treinados para tarefas como varrer o chĂŁo ou arrumar a cozinha, combinando modelos de linguagem avançados â como os que alimentam o ChatGPT â com dados visuais. A ideia Ă© que, no futuro, eles possam aprender assistindo a vĂdeos no YouTube, transformando a plataforma em um recurso de treinamento acessĂvel e escalĂĄvel.
Outro exemplo vem da Universidade de Stanford, onde o robĂŽ Mobile ALOHA foi projetado para realizar atividades complexas, como preparar uma refeição de trĂȘs pratos ou limpar derramamentos. Utilizando aprendizado por imitação, o robĂŽ Ă© guiado por humanos em cerca de 50 demonstraçÔes por tarefa, permitindo que ele replique açÔes com precisĂŁo. Embora ainda esteja em fase de protĂłtipo e custe dezenas de milhares de dĂłlares, o Mobile ALOHA demonstra o potencial de robĂŽs domĂ©sticos que vĂŁo alĂ©m de aspiradores automatizados, como o Roomba, e podem interagir com objetos de forma mais dinĂąmica.
A startup americana 1X tambĂ©m estĂĄ na corrida para trazer robĂŽs ao lar. Seu modelo Neo, um robĂŽ humanoide, foi treinado para carregar a mĂĄquina de lavar louça e abrir portas, usando aprendizado de mĂĄquina para adaptar-se a diferentes ambientes. JĂĄ a DeepMind, divisĂŁo de IA do Google, apresentou avanços em robĂŽs que entendem tarefas complexas, como organizar gavetas ou mover itens, graças a modelos de linguagem combinados com dados sensoriais. Essas iniciativas mostram como a IA estĂĄ superando o desafio de coletar dados fĂsicos, algo mais complicado do que treinar modelos de texto com informaçÔes da internet.
Apesar do progresso, hĂĄ obstĂĄculos. RobĂŽs ainda enfrentam dificuldades em ambientes imprevisĂveis, como casas bagunçadas, e precisam de grandes quantidades de dados para aprender novas tarefas. Pesquisadores do MIT, por exemplo, desenvolveram o sistema PIGINet, que reduz o tempo de planejamento de tarefas em 50% a 80%, treinando robĂŽs com apenas 300 a 500 exemplos. Isso Ă© crucial para tornĂĄ-los mais eficientes fora de laboratĂłrios controlados. AlĂ©m disso, a segurança Ă© uma preocupação: robĂŽs devem ser programados para evitar acidentes, como quebrar objetos ou executar açÔes perigosas vistas em vĂdeos aleatĂłrios.
O impacto social dessa tecnologia tambĂ©m Ă© significativo. Um estudo da Universidade de Oxford prevĂȘ que atĂ© 40% das tarefas domĂ©sticas podem ser automatizadas na prĂłxima dĂ©cada, liberando tempo especialmente para mulheres, que historicamente carregam a maior parte do trabalho domĂ©stico. Empresas como Amazon e Tesla, esta Ășltima com seu Tesla Bot, estĂŁo investindo pesado nesse mercado, apostando que robĂŽs acessĂveis estarĂŁo nas casas atĂ© o final da dĂ©cada. Elon Musk jĂĄ sugeriu um preço de US$ 20 mil para seu robĂŽ, inicialmente voltado para fĂĄbricas, mas com potencial domĂ©stico.
Para que isso se torne realidade, os custos precisam diminuir e os robĂŽs devem ganhar autonomia. Projetos como o Dobb-E, da Universidade de Nova York, mostram que Ă© possĂvel ensinar tarefas simples, como abrir um eletrodomĂ©stico, em apenas 20 minutos, usando dados coletados em casas reais. Essa abordagem colaborativa e de cĂłdigo aberto pode acelerar o desenvolvimento. Enquanto isso, o sonho de ter um assistente robĂłtico confiĂĄvel para lavar louça ou dobrar roupas estĂĄ mais prĂłximo do que nunca, graças ao aprendizado de mĂĄquina.
Fontes: WIRED, MIT News, Stanford Robotics Center, TechCrunch, IEEE Spectrum