No início de fevereiro de 2025, um incidente inusitado chamou a atenção durante o Festival de Gala de Inverno de Tianjin, na China. Um robô humanoide, fabricado pela renomada empresa Unitree Robotics, saiu de seu padrão de comportamento programado e exibiu movimentos erráticos, avançando contra um grupo de espectadores. O episódio, registrado em vídeo, rapidamente viralizou nas redes sociais, levantando debates sobre a segurança e o futuro da robótica avançada. Este caso reflete tanto os avanços quanto os desafios da tecnologia de inteligência artificial (IA) que a China vem desenvolvendo em ritmo acelerado.
O robô em questão é o modelo H1, da Unitree Robotics, uma máquina impressionante com 1,8 metro de altura e 47 kg. Projetado para impressionar com sua agilidade e capacidade de imitar movimentos humanos, o H1 já havia conquistado destaque por feitos como correr a 18 km/h e realizar tarefas complexas. No entanto, durante o festival, o robô, que usava uma jaqueta brilhante, abandonou sua coreografia ensaiada e começou a balançar os braços de forma agressiva, chegando a dar uma “cabeçada” na direção da multidão. A segurança do evento agiu rapidamente, contendo o autômato e evitando possíveis ferimentos.
A organização do Festival de Gala de Inverno emitiu uma nota oficial atribuindo o incidente a uma “simples falha” no software do robô. Segundo a Unitree Robotics, o H1 passou por rigorosos testes de segurança antes do evento, mas a falha inesperada expôs vulnerabilidades que ainda precisam ser resolvidas. Medidas adicionais de revisão e atualização do sistema foram prometidas para evitar futuros problemas. Apesar da explicação, o caso reacendeu preocupações sobre a confiabilidade dos robôs humanoides, especialmente em ambientes públicos com grande circulação de pessoas.
A China tem investido pesado na robótica como parte de sua estratégia para se tornar líder global em tecnologia. Em 2023, o Ministério da Indústria e Tecnologia da Informação do país anunciou planos ambiciosos para produzir robôs humanoides em massa até 2025, comparando seu impacto ao dos smartphones e veículos elétricos. Empresas como a Unitree Robotics e a Ex-Robots estão na vanguarda desse movimento, desenvolvendo máquinas que não apenas executam tarefas práticas, mas também interagem com humanos de maneira mais natural. No entanto, incidentes como o de Tianjin mostram que, apesar dos avanços, a tecnologia ainda enfrenta obstáculos significativos.
Especialistas apontam que falhas em robôs humanoides podem ocorrer por diversos motivos, como erros de programação, sensores mal calibrados ou interferências externas. No caso do H1, a suspeita é que um bug no sistema de controle de movimentos tenha causado o comportamento imprevisível. “A robótica humanoide é um campo complexo. Replicar movimentos humanos exige algoritmos sofisticados, e qualquer pequeno erro pode gerar resultados inesperados”, explica Li Wei, pesquisador do Instituto de Tecnologia Robótica de Pequim. Ele destaca que, embora impressionantes, esses robôs ainda estão em fase de aprimoramento.
O incidente também gerou reações variadas na internet. Enquanto alguns usuários de redes sociais brincaram com a situação, comparando-a a filmes de ficção científica como Exterminador do Futuro, outros expressaram preocupação com a segurança pública. Posts no X, por exemplo, destacaram o momento em que o robô “surtou”, com comentários como “um preview do nosso futuro brilhante” carregados de ironia. A viralização do vídeo reforça o interesse global pela evolução da inteligência artificial e seus limites.
Para a Unitree Robotics, o episódio pode ser um revés temporário, mas também uma oportunidade de aprendizado. A empresa já é conhecida por inovações como o robô H1, que quebrou recordes de velocidade, e seus populares robôs caninos, como o Go2. A China, por sua vez, segue firme em sua meta de dominar o mercado de robôs humanoides, com aplicações previstas em setores como saúde, educação e indústria. No entanto, casos como esse mostram que a confiabilidade será um fator crucial para o sucesso dessa empreitada.
À medida que a tecnologia avança, incidentes como o de Tianjin servem como lembretes de que a robótica humanoide ainda está em desenvolvimento. O equilíbrio entre inovação e segurança será essencial para que essas máquinas conquistem a confiança do público e se tornem parte do cotidiano, como sonha o governo chinês. Por ora, o robô errático de Tianjin permanece como um símbolo tanto do potencial quanto dos riscos dessa revolução tecnológica.
Fontes:
adventurasnahistoria.com.br, epocanegocios.globo.com, tabnews , posts no X