
Um boato eletrizou os mercados e as redes sociais: a Pop Mart, fabricante chinesa do boneco colecionável Labubu, teria superado a gigante brasileira Vale em valor de mercado. A narrativa de uma empresa de “art toys”, impulsionada pela cultura pop, valendo mais que uma das maiores mineradoras do mundo é poderosa. Contudo, uma verificação dos dados atuais do mercado de ações mostra uma realidade diferente, embora não menos impressionante.
Nota de Transparência e Correção: As informações de que a Pop Mart estaria avaliada em US$ 42 bilhões e a Vale em US$ 41 bilhões são imprecisas e não refletem os valores atuais. Com base nos dados da bolsa de valores de 20 de junho de 2025, a Pop Mart (negociada em Hong Kong) tem um valor de mercado de aproximadamente US$ 8,8 bilhões. A Vale (negociada em São Paulo e Nova York), por sua vez, está avaliada em cerca de US$ 50 bilhões. Portanto, a Vale continua sendo significativamente maior. A matéria a seguir explica o fenômeno que deu origem a essa comparação.
Ainda que a ultrapassagem não tenha ocorrido, o fato de uma empresa como a Pop Mart sequer ser mencionada na mesma frase que um titã da indústria como a Vale é o verdadeiro fenômeno a ser analisado. Isso demonstra uma mudança sísmica na forma como o valor é percebido na economia global, opondo a “nova economia” da propriedade intelectual e do hype contra a “velha economia” dos recursos naturais e da indústria pesada.

O catalisador para essa discussão é um personagem de aparência élfica e sorriso travesso chamado Labubu. Criado pelo artista de Hong Kong, Kasing Lung, o Labubu se tornou o carro-chefe da Pop Mart. A empresa se especializou em “art toys” e no modelo de negócio conhecido como “blind box” (caixa surpresa). Os consumidores compram uma caixa sem saber qual variação do personagem virá dentro, transformando a compra em uma experiência de jogo, surpresa e colecionismo. Essa estratégia, aliada a um design cativante e produção limitada, cria um ciclo de desejo e urgência que viraliza nas redes sociais, especialmente na Ásia.
Fundada em 2010, a Pop Mart cresceu exponencialmente, construindo um império baseado na cultura pop e no poder da comunidade. Enquanto a Vale extrai minério de ferro e níquel da terra, a Pop Mart extrai valor de personagens, designs e da paixão dos colecionadores. O sucesso da empresa é um testemunho da força da economia criativa, onde uma marca forte e uma propriedade intelectual desejável podem gerar bilhões de dólares.
A comparação, mesmo que numericamente incorreta, força uma reflexão importante. A Vale, fundada em 1942, representa o poderio industrial, com ativos físicos massivos e um papel fundamental na infraestrutura global. Seu valor está atrelado a commodities, ciclos econômicos e geopolítica. A Pop Mart, por outro lado, representa a agilidade, a viralidade e o poder da cultura digital. Seu valor reside em ativos intangíveis: a popularidade de seus personagens, a força de sua marca e a lealdade de sua base de fãs.
O fato de uma empresa que vende bonecos de vinil ter alcançado uma avaliação de quase US$ 9 bilhões, levando a comparações exageradas com gigantes industriais, diz muito sobre o cenário atual. Mostra que o capital intelectual e a capacidade de capturar a imaginação do público são, hoje, ativos extremamente poderosos. A ultrapassagem pode não ter acontecido, mas a ascensão da Pop Mart já é uma vitória simbólica para a economia criativa.
O que você pensa sobre isso? O valor gerado pela cultura pop e pelo colecionismo pode ser considerado tão sólido quanto o valor extraído da indústria tradicional? Deixe sua opinião nos comentários.
Fontes:
Dados das bolsas de valores de Hong Kong (HKEX) e Nova York (NYSE) em 20 de junho de 2025, Bloomberg, Reuters, Financial Times.