A Perplexity, startup de inteligência artificial avaliada em cerca de US$ 18 bilhões, surpreendeu o mercado ao apresentar uma oferta não solicitada para comprar o navegador Google Chrome por US$ 34,5 bilhões. Esse tipo de proposta ocorre quando uma empresa faz uma tentativa de aquisição sem que a outra esteja procurando comprador — algo que, no mundo corporativo tradicional, costuma ser negociado com extrema discrição.
Segundo a Perplexity, grandes fundos de investimento já se comprometeram a financiar integralmente a transação. Caso o acordo fosse aceito, a empresa promete investir mais de US$ 3 bilhões nos próximos dois anos no desenvolvimento do navegador e do projeto de código aberto Chromium, mantendo o Google como buscador padrão. Além disso, afirma que preservaria toda a equipe de engenharia e suporte do Chrome.
Contexto antitruste
O movimento acontece em meio a um cenário delicado para o Google. O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) conduz um processo antitruste contra a empresa, com o objetivo de reduzir sua influência no mercado de navegadores e busca online. Rumores indicam que uma das possíveis soluções seria justamente a venda do Chrome ou a separação de alguns de seus serviços.
Para quem viveu a era das grandes aquisições da década de 1990 e 2000, essa situação lembra negociações históricas como a compra da Netscape pela AOL ou a aquisição da Sun Microsystems pela Oracle — transações que mudaram o equilíbrio do setor. A diferença é que, desta vez, o alvo é um navegador que domina mais de 60% do mercado global.
Recepção no mercado
Apesar do impacto do anúncio, analistas afirmam que o valor oferecido pela Perplexity está muito abaixo do real peso estratégico do Chrome para o Google. Algumas estimativas sugerem que o navegador poderia valer de US$ 50 bilhões a mais de US$ 200 bilhões, considerando seu papel no ecossistema de publicidade e dados da empresa.
Até o momento, o Google não comentou oficialmente a proposta. Especialistas apontam que a chance de o negócio avançar é baixa, e há quem veja na ação mais uma estratégia de marketing para atrair atenção para a Perplexity — especialmente em um momento de acirrada disputa entre startups de IA generativa.
Possível revolução na navegação
Mesmo que a aquisição não se concretize, a simples possibilidade levantou debates sobre o futuro dos navegadores. A Perplexity já desenvolve seu próprio navegador experimental, o Comet, que integra inteligência artificial de forma nativa. Se conseguisse unir essa tecnologia à base de usuários do Chrome, poderia alterar profundamente a forma como as pessoas interagem com a web — algo que lembra o impacto que o próprio Google teve no início dos anos 2000.
Para o público e para o mercado, fica a questão: seria esta uma tentativa genuína de compra ou um gesto ousado para colocar a Perplexity sob os holofotes? A resposta, por enquanto, segue em aberto.
Você acha que o Google deveria vender o Chrome? Ou a Perplexity está apenas tentando ganhar visibilidade com uma proposta impossível? Compartilhe sua opinião nos comentários.
Fontes
Reuters, Axios, Financial Times, Bloomberg Línea, Brazil Journal