
No dia 20 de abril de 2025, especialistas em segurança digital alertaram para uma nova campanha de espionagem cibernética em curso na Europa, orquestrada pelo grupo russo APT29, também conhecido como Cozy Bear. O grupo, associado aos serviços de inteligência da Rússia, está utilizando um malware inédito chamado GRAPELOADER para atacar sistemas de diplomatas e representantes governamentais de países da União Europeia e da OTAN.
A denúncia foi publicada em um relatório detalhado pelo site The Hacker News, com base em análises conduzidas por empresas de cibersegurança como a Mandiant e a CrowdStrike, que vêm monitorando a atividade do APT29 há anos.
Como funciona o GRAPELOADER?
O GRAPELOADER é um malware modular projetado para carregar cargas maliciosas adicionais de forma furtiva, evitando a detecção por sistemas antivírus tradicionais. Sua estrutura permite que ele seja adaptado rapidamente para diferentes alvos e situações, o que o torna altamente perigoso.
A campanha identificada se inicia com e-mails de phishing direcionados, contendo anexos ou links maliciosos que, uma vez abertos, instalam o GRAPELOADER no sistema da vítima. A partir daí, o malware coleta dados sensíveis, como:
- Documentos confidenciais,
- Credenciais de acesso,
- Informações sobre comunicações diplomáticas,
- Dados de localização e comportamento dos usuários.
Especialistas alertam que o GRAPELOADER não é apenas uma ferramenta de espionagem, mas também pode ser utilizado para movimentações laterais em redes corporativas, possibilitando o acesso a sistemas governamentais mais amplos.
Alvos e objetivos estratégicos
De acordo com os investigadores, os alvos da campanha incluem ministérios das relações exteriores, embaixadas, organizações multilaterais e até delegações comerciais internacionais. O objetivo principal seria obter informações estratégicas sobre políticas externas, negociações internacionais e sanções econômicas contra a Rússia.
Essa movimentação faz parte de um padrão já conhecido de ataques atribuídos ao APT29, que foi anteriormente ligado à invasão do sistema do Departamento de Estado dos EUA em 2020 e a ataques contra a Agenzia Italiana per la Cooperazione allo Sviluppo em 2023.
“O APT29 continua operando com precisão cirúrgica e objetivos bem definidos. Sua sofisticação técnica e alinhamento com interesses estatais fazem dele uma das maiores ameaças à segurança cibernética global”, afirmou Adam Meyers, chefe de inteligência da CrowdStrike.
Medidas de proteção e prevenção
Com o avanço dessas campanhas, autoridades de segurança digital da União Europeia emitiram alertas recomendando:
- Adoção de autenticação multifator para todos os sistemas sensíveis;
- Treinamentos frequentes sobre phishing e engenharia social para diplomatas e funcionários públicos;
- Segmentação de redes e auditorias de segurança regulares;
- Monitoramento contínuo de tráfego e comportamento anômalo nos servidores.
Organizações internacionais como a ENISA (Agência da União Europeia para a Cibersegurança) também destacaram a importância da cooperação internacional entre agências de ciberdefesa para mitigar os impactos de ameaças coordenadas como esta.
O Brasil também deve ficar atento
Embora a campanha atual esteja focada na Europa, a existência de um malware modular como o GRAPELOADER representa um risco para qualquer nação que mantenha relações diplomáticas, comerciais ou estratégicas com países da OTAN ou da UE. Isso inclui o Brasil, que frequentemente participa de fóruns internacionais e negociações multilaterais.
Organizações brasileiras, tanto governamentais quanto privadas, devem reforçar seus protocolos de segurança e ficar alertas a possíveis adaptações do malware para novos contextos geopolíticos.
Conclusão
O surgimento do GRAPELOADER marca mais um capítulo na evolução das ameaças cibernéticas estatais. Com técnicas sofisticadas e objetivos geoestratégicos, o APT29 reforça a necessidade urgente de investimento em cibersegurança, treinamento e cooperação internacional para proteger informações sensíveis e preservar a soberania digital das nações.
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Fontes:
The Hacker News, CrowdStrike, Mandiant, ENISA, Wired