
O setor automotivo está dividido sobre a adoção do CarPlay Ultra, a nova proposta da Apple que promete substituir completamente o painel dos veículos. O sistema, que exibe informações como velocidade, consumo de combustível e permite ajustes no ar-condicionado, tem gerado controvérsia entre as montadoras. Fabricantes de peso como Mercedes-Benz, Audi e Volvo manifestaram resistência à tecnologia, enquanto a Renault considera o nível de integração proposto pela Apple como uma intromissão excessiva em seus sistemas proprietários. Por outro lado, Hyundai e Kia surgem como exceções, mostrando interesse em explorar o recurso. As informações foram detalhadas em uma reportagem do site Ars Technica.
O CarPlay Ultra representa uma evolução ambiciosa do tradicional sistema CarPlay, que até então se limitava a integrar aplicativos de mídia e navegação em telas de infotainment. Com essa nova versão, a Apple busca oferecer uma interface unificada que controle praticamente todas as funções do veículo, desde dados de desempenho até configurações de conforto. A proposta foi apresentada em um evento da Apple em março de 2025, onde o vice-presidente de tecnologias automotivas da empresa, Kevin Lynch, destacou que o objetivo é “criar uma experiência de condução mais integrada e intuitiva”. No entanto, a iniciativa enfrenta barreiras significativas por parte da indústria automotiva.
Entre os opositores, a Mercedes-Benz, representada por Ola Källenius, CEO da companhia, declarou que a empresa prefere manter o controle total sobre o design e a funcionalidade de seus painéis. Em entrevista à imprensa especializada, Källenius afirmou que “a identidade de uma Mercedes está ligada à nossa engenharia própria, e delegar isso a terceiros não faz parte de nossa visão”. Similarmente, a Audi, por meio de seu diretor de tecnologia, Peter Mertens, reforçou que o CarPlay Ultra poderia comprometer a segurança e a personalização que a marca oferece. Já a Volvo, conhecida por sua ênfase em segurança, expressou preocupações sobre a dependência de um sistema externo, citando potenciais riscos de falhas de software.
A Renault adotou uma postura ainda mais crítica. Segundo uma declaração de Luca de Meo, CEO da montadora francesa, a integração proposta pela Apple seria “uma invasão inaceitável” de seu ecossistema proprietário. De Meo argumentou que a autonomia tecnológica é essencial para a inovação no setor e que a dependência de uma empresa como a Apple poderia limitar a competitividade da Renault no futuro. Essa resistência reflete uma tendência mais ampla entre montadoras europeias, que historicamente investem pesado em sistemas próprios para diferenciar suas marcas.
Por outro lado, o interesse de Hyundai e Kia sugere que o CarPlay Ultra pode encontrar espaço em mercados mais abertos à colaboração com gigantes de tecnologia. Em um comunicado oficial, o presidente da Hyundai Motor Group, Jaehoon Chang, indicou que a empresa está avaliando a tecnologia como uma forma de acelerar o desenvolvimento de soluções conectadas. Kia, que compartilha a mesma visão, vê no sistema uma oportunidade de atrair consumidores mais jovens, habituados a ecossistemas da Apple. Essa divisão de opiniões pode indicar um futuro híbrido, onde algumas marcas adotam a tecnologia enquanto outras persistem com soluções internas.
A rejeição ao CarPlay Ultra também levanta questões sobre a direção da indústria automotiva em relação à automação e à conectividade. Com o avanço dos carros elétricos e autônomos, a integração de sistemas como o da Apple poderia acelerar a inovação, mas também intensificar a competição entre montadoras e empresas de tecnologia. Analistas apontam que o sucesso do CarPlay Ultra dependerá de como a Apple conseguirá equilibrar a personalização das marcas com a uniformidade de sua plataforma.
Nota de transparência: As informações desta matéria são baseadas em uma reportagem do Ars Technica e em declarações oficiais de executivos das montadoras citadas. Não há registros adicionais de fontes primárias até o momento, e os dados refletem o que foi reportado pela imprensa especializada, estando sujeitos a atualizações.
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Fontes: Ars Technica