
Montadoras pedem ajuste nas metas de vendas de elétricos no Reino Unido
Em 24 de agosto, fabricantes como BMW, JLR, Nissan e Toyota alegam que manter a regra ZEV sem mudanças ameaça empregos e investimentos no país.
Grandes montadoras instaladas no Reino Unido, incluindo BMW, Jaguar Land Rover (JLR), Nissan e Toyota, fizeram um apelo ao governo britânico para revisar as metas de vendas obrigatórias de veículos elétricos, estabelecidas na política ZEV (Zero Emission Vehicle Mandate). A manifestação coletiva ocorreu em 24 de agosto e expõe uma crescente tensão entre os objetivos ambientais do país e os desafios enfrentados pela indústria automotiva.
Segundo as fabricantes, a manutenção da regra atual sem flexibilização coloca em risco milhares de empregos, além de comprometer planos de investimento em unidades produtivas no território britânico.
O que diz a regra ZEV?
A política ZEV estabelece que, a partir de 2024, um percentual mínimo das vendas totais de veículos de cada fabricante deve ser composto por modelos totalmente elétricos. Essa porcentagem aumenta progressivamente até atingir 100% em 2035, quando a venda de carros a combustão será banida.
Para 2024, a meta já exige que 22% das vendas sejam de veículos elétricos, com multas pesadas para montadoras que não cumprirem — até £15 mil por carro fora do limite.
O argumento das montadoras
As empresas afirmam que a meta atual não condiz com a realidade de mercado, especialmente no que diz respeito à infraestrutura de recarga, preços dos veículos e demanda do consumidor. Em carta conjunta, representantes das marcas ressaltam que, embora apoiem a transição energética, ela precisa ser economicamente viável e socialmente responsável.
“Queremos um futuro elétrico, mas ele precisa ser construído sobre bases realistas”, declarou um executivo da Nissan. A empresa possui uma das maiores fábricas de carros elétricos do Reino Unido, mas teme queda na competitividade se for forçada a importar modelos de outras regiões apenas para atender à meta.
Empregos e investimentos em risco
A JLR (controlada pela indiana Tata Motors) e a BMW alertam que a regra, se mantida como está, pode desencadear uma retração nos investimentos em produção local, redirecionando recursos para países com regulamentações mais flexíveis. Isso ameaça especialmente postos de trabalho em Midlands e no norte da Inglaterra, regiões fortemente dependentes da indústria automotiva.
Além disso, há o risco de desabastecimento de modelos elétricos mais acessíveis, o que poderia afetar negativamente os consumidores de baixa renda e frear a popularização dos EVs.
Governo resiste, mas pode ceder
O Departamento de Transportes do Reino Unido reiterou que a política ZEV é essencial para alcançar as metas climáticas nacionais e que as metas foram planejadas com base em projeções realistas de adoção. No entanto, autoridades do Tesouro e do setor de comércio exterior já estariam avaliando ajustes graduais para acomodar os pedidos da indústria sem abandonar os compromissos ambientais.
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Fontes:
Financial Times, Reuters, The Guardian, UK Department for Transport, Automotive News Europe