
A mineração individual de Bitcoin, outrora considerada uma forma promissora de obter lucros no universo das criptomoedas, tornou-se financeiramente inviável para a maioria dos usuários domésticos. Um relatório recente da CoinShares, uma das principais gestoras de ativos digitais da Europa, revelou que os custos associados à mineração, como energia elétrica, equipamentos e manutenção, ultrapassam os lucros obtidos atualmente por mineradores individuais.
De acordo com o estudo, o cenário mudou drasticamente nos últimos anos. Antigamente, era possível minerar Bitcoins com um computador pessoal razoavelmente potente. No entanto, com o aumento da dificuldade da rede e a competição global, somente operações com escala industrial conseguem se manter viáveis financeiramente.
A principal razão para essa mudança é o aumento constante da taxa de dificuldade da mineração, que é ajustada aproximadamente a cada duas semanas para manter o intervalo médio de 10 minutos entre blocos. Como consequência, são necessários equipamentos altamente especializados, como os ASICs (Application-Specific Integrated Circuits), que possuem alto custo de aquisição e consumo elevado de energia.
Além disso, a recente valorização das tarifas de eletricidade em várias partes do mundo tem contribuído para inviabilizar a atividade em ambientes domésticos. Um minerador solo, que utiliza seu computador pessoal ou até mesmo um pequeno rig, frequentemente enfrenta contas de energia que ultrapassam os ganhos obtidos com a mineração.
Outro fator apontado no relatório é o impacto da halving, que ocorre a cada quatro anos e reduz pela metade a recompensa por bloco minerado. A última halving aconteceu em abril de 2024, reduzindo a recompensa de 6,25 para 3,125 Bitcoins. Essa mudança tornou ainda mais difícil para pequenos mineradores obterem retorno financeiro satisfatório.
Como alternativa, muitos usuários migraram para pools de mineração, onde diversos participantes unem seu poder computacional para aumentar as chances de sucesso na mineração de blocos. Embora os ganhos sejam divididos entre todos os participantes, a renda torna-se mais previsível. Ainda assim, mesmo nos pools, a margem de lucro tem se estreitado, principalmente para quem opera em locais com altos custos energéticos.
Os especialistas recomendam que investidores e entusiastas do Bitcoin avaliem cuidadosamente os custos antes de decidir entrar na atividade de mineração. Em muitos casos, investir diretamente em Bitcoin ou em ações de empresas do setor pode ser mais vantajoso do que tentar minerar por conta própria.
Empresas de mineração em larga escala, como a Marathon Digital Holdings e a Riot Platforms, continuam lucrando, mas operam em regiões com subsídios de energia ou acesso a fontes renováveis, como energia solar ou hidrelétrica, o que reduz significativamente os custos operacionais.
Outro aspecto relevante é a sustentabilidade. A mineração de criptomoedas tem sido frequentemente criticada pelo seu elevado impacto ambiental. Em resposta, algumas operações têm buscado soluções mais verdes, como o reaproveitamento de calor ou o uso de energia excedente em horários de baixa demanda.
O relatório conclui que, apesar da descentralização ser uma das bases do Bitcoin, o cenário atual favorece centralizações de poder computacional em grandes empresas. Isso levanta debates sobre a segurança e a filosofia do ecossistema cripto, que nasceu com a promessa de independência e descentralização.
Para o pequeno investidor ou entusiasta da tecnologia, é fundamental manter-se informado sobre as mudanças do setor e buscar alternativas sustentáveis e inteligentes para participar do universo cripto.
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Fontes:
CoinShares, CNBC, CoinDesk, Forbes, Bloomberg