
O metrô de Nova York, um dos sistemas de transporte mais movimentados do mundo, está inovando na forma como realiza a manutenção de seus trilhos com a ajuda de uma tecnologia surpreendentemente acessível: smartphones Google Pixel. Em um projeto piloto chamado TrackInspect, a Metropolitan Transportation Authority (MTA), em parceria com o Google Public Sector, instalou seis celulares Pixel em quatro trens da linha A, que percorre 32 milhas entre Manhattan e Queens. Esses dispositivos, equipados com sensores como acelerômetros, giroscópios, magnetômetros e microfones externos, coletaram dados que ajudaram a identificar defeitos nos trilhos com uma precisão impressionante de 92%, segundo testes realizados entre setembro de 2024 e janeiro de 2025.
A iniciativa surgiu da necessidade de modernizar as inspeções de trilhos, tradicionalmente feitas por equipes humanas que percorrem a pé os 665 milhas de vias do sistema ou por trens geométricos equipados com sensores caros, usados apenas três vezes ao ano. Com mais de 3 milhões de passageiros diários, o metrô de Nova York não pode se dar ao luxo de interrupções frequentes por falhas não detectadas. O TrackInspect utiliza os Pixels para captar vibrações anormais e ruídos específicos — como rangidos de juntas soltas ou batidas de trilhos quebrados — que são enviados em tempo real para sistemas na nuvem do Google. Lá, algoritmos de inteligência artificial (IA) analisam os dados e geram previsões sobre locais que precisam de reparos, permitindo que os inspetores humanos se concentrem apenas nas áreas críticas.
Durante o experimento, os smartphones registraram 335 milhões de leituras de sensores, 1 milhão de localizações GPS e 1.200 horas de áudio, processados por 200 modelos preditivos de IA. O resultado foi uma identificação precoce de problemas como trilhos quebrados, parafusos soltos e defeitos em dormentes, confirmados posteriormente por inspetores em 92% dos casos. “O objetivo é encontrar problemas antes que eles se tornem grandes interrupções no serviço”, afirmou Demetrius Crichlow, presidente da New York City Transit, em comunicado oficial. Além de aumentar a eficiência, a tecnologia promete reduzir custos, já que os Pixels são equipamentos prontamente disponíveis e bem mais baratos que os sistemas especializados usados anteriormente.
O projeto também tem um lado humano. Robert Sarno, assistente-chefe de trilhos da MTA com 14 anos de experiência, foi essencial na fase inicial, ouvindo trechos de áudio de 5 a 10 minutos com fones de ouvido para classificar sons como “junta solta” ou “trilho defeituoso”. Essas marcações ajudaram a treinar os modelos de IA, combinando expertise humana com automação. Apesar do sucesso, a MTA enfatiza que os inspetores humanos continuarão indispensáveis, já que regulamentações nos EUA exigem verificações manuais regulares. “A tecnologia nunca substituirá totalmente a interação humana, mas pode torná-la mais precisa e segura”, disse John Poston, especialista em manutenção ferroviária.
Após o êxito do teste, a MTA planeja expandir o TrackInspect para um piloto completo, com o Google desenvolvendo uma versão de produção adaptada para os inspetores. A promessa é de um metrô mais confiável, com menos atrasos e reparos mais rápidos — algo que os nova-iorquinos certamente agradecerão. A iniciativa também abre portas para outras cidades adotarem soluções semelhantes, usando tecnologia acessível para resolver problemas complexos de infraestrutura. Em um mundo onde a IA está transformando tudo, desde carros autônomos até assistentes virtuais, ver smartphones comuns salvando trilhos de metrô é mais um exemplo de como a inovação pode melhorar o dia a dia. Você acha que essa tecnologia pode revolucionar o transporte público global?
Fontes:
WIRED, The Verge, TechCrunch, MTA.info, Android Authority