
Em meio ao crescimento da conectividade digital, uma pesquisa recente realizada pelo BSI Group, órgão nacional de padronização do Reino Unido, revelou um dado surpreendente: 47% dos jovens europeus entre 16 e 21 anos afirmam que prefeririam viver em um mundo sem internet. O levantamento, divulgado em maio de 2025, ouviu 1.293 jovens e destaca uma relação cada vez mais ambígua entre a geração Z e o universo online.
Vício Digital e Insatisfação Pessoal
Apesar de estarem entre os maiores usuários de tecnologia, os jovens relatam insatisfação com o ambiente digital. Segundo o estudo, 45% dos entrevistados usam redes sociais por mais de três horas diárias, enquanto 34% jogam online por mais de duas horas. Ainda assim, 68% disseram sentir-se pior consigo mesmos após passar tempo nas redes sociais, um dado que reforça as preocupações de especialistas sobre o impacto do uso excessivo dessas plataformas na saúde mental dos adolescentes.
Esse fenômeno não é isolado. Diversos estudos internacionais, incluindo pesquisas da American Psychological Association e do U.S. Surgeon General, apontam uma ligação direta entre o uso excessivo de redes sociais e o aumento de quadros de ansiedade, depressão e distúrbios do sono entre jovens. O relatório do BSI Group reforça que três em cada quatro jovens passaram a usar ainda mais a internet após a pandemia de Covid-19, intensificando o debate sobre os limites saudáveis do consumo digital.
Toque de Recolher Digital: Aprovação e Polêmica
A pesquisa do BSI Group também revelou que metade dos jovens apoiaria a implementação de um “toque de recolher digital”, bloqueando o acesso a plataformas online após determinado horário, como uma forma de proteger o bem-estar mental e físico. A proposta, que vem sendo debatida em países como Reino Unido, Estados Unidos, Coreia do Sul e China, busca limitar o uso noturno das redes sociais para garantir melhores rotinas de sono e reduzir a exposição a riscos online.
Proponentes da medida argumentam que o uso de telas à noite está associado a distúrbios do sono, queda no rendimento escolar e aumento da ansiedade. Pesquisas da American Academy of Sleep Medicine mostram que 93% dos adolescentes da geração Z admitem ficar acordados além do horário recomendado devido ao uso de redes sociais. Especialistas em saúde infantil, como a pediatra Ann Marie Morse, defendem que o desligamento digital à noite pode melhorar a concentração, o humor e a saúde física dos jovens.
No entanto, a implementação de curfews digitais enfrenta desafios práticos. Experiências internacionais, como a “Lei da Cinderela” na Coreia do Sul, mostraram que a eficácia dessas restrições depende de fiscalização rigorosa e colaboração das famílias. Além disso, críticos alertam para o risco de medidas generalizadas desconsiderarem as necessidades individuais dos adolescentes, que podem usar o período noturno para socializar com amigos em outros fusos ou acessar conteúdos educativos.
Privacidade, Segurança e Pressão Social
Outro dado preocupante do estudo foi a revelação de que 42% dos jovens admitiram mentir para os pais sobre suas atividades online, e uma parcela significativa utiliza contas falsas para evitar vigilância familiar. Além disso, 27% já compartilharam sua localização com desconhecidos, expondo-se a riscos de segurança.
Organizações como a Molly Rose Foundation e a NSPCC (National Society for the Prevention of Cruelty to Children) defendem que apenas curfews não são suficientes para proteger os jovens de danos online. Elas pedem políticas mais amplas, que envolvam regulação de algoritmos, transparência das plataformas e educação digital para crianças e pais.
O Que Dizem os Especialistas
Especialistas em saúde mental e educação digital recomendam uma abordagem equilibrada, combinando limites tecnológicos, diálogo familiar e alfabetização digital. Ferramentas como controle parental, limites de tempo em aplicativos e modos noturnos são apontadas como alternativas mais flexíveis e eficazes do que proibições totais.
A tendência, segundo analistas, é que a geração Z busque cada vez mais um equilíbrio entre vida online e offline, valorizando momentos de desconexão para preservar o bem-estar emocional e fortalecer relações presenciais.
Nota de Transparência
As informações desta matéria têm como base a pesquisa oficial divulgada pelo BSI Group em maio de 2025, complementada por recomendações de órgãos de saúde, associações de psicologia e experiências internacionais. Eventuais opiniões de especialistas citados refletem o contexto de debates públicos e não constituem consenso universal. O tema segue em investigação por autoridades e pesquisadores globais.
O que você acha do toque de recolher digital? Já sentiu necessidade de se desconectar das redes sociais? Participe nos comentários e compartilhe sua experiência!
Fontes: BSI Group, American Psychological Association, American Academy of Sleep Medicine, Molly Rose Foundation, NSPCC, Simply Put Psych, Behavioral Health News