A JetBrains, conhecida por ferramentas como IntelliJ IDEA, PhpStorm e ReSharper, revelou estar trabalhando em um projeto ambicioso: uma nova linguagem de programação de altíssimo nível de abstração, pensada para transformar a forma como desenvolvedores criam aplicativos multiplataforma.
O CEO da companhia, Kirill Skrygan, usou um exemplo ilustrativo para descrever a proposta. Em vez de programar separadamente versões de um mesmo aplicativo para iPhone, Android e web, o desenvolvedor escreveria o projeto em uma linguagem próxima ao inglês natural. A partir disso, agentes de inteligência artificial e ferramentas da JetBrains gerariam automaticamente o código necessário para cada plataforma, preservando compatibilidade e desempenho.
Essa visão representa um passo além do conceito tradicional de frameworks multiplataforma. Hoje, ferramentas como Flutter, React Native e o próprio Kotlin Multiplatform já oferecem soluções para reduzir o retrabalho, mas ainda exigem esforço técnico considerável. O plano da JetBrains seria criar algo ainda mais simples, em que o programador descreve a intenção do aplicativo e a IA se encarrega de traduzir isso em código funcional para cada ambiente.
A empresa também estuda a possibilidade de basear essa nova linguagem no Kotlin, o que faria sentido considerando a maturidade do ecossistema e sua integração com plataformas móveis e web. O Kotlin, criado pela própria JetBrains e amplamente adotado no Android, poderia servir como fundação para uma linguagem ainda mais abstrata, ajudando a equilibrar simplicidade com robustez técnica.
Embora a ideia soe futurista, ela reflete uma tendência crescente: a de aproximar a programação da linguagem natural. O próprio GitHub Copilot, o Google Gemini e o OpenAI ChatGPT já apontam nesse caminho, permitindo que desenvolvedores descrevam intenções em texto simples e recebam sugestões de código. A JetBrains, no entanto, pretende ir além, transformando essa experiência em uma linguagem estruturada, oficial e com suporte de suas ferramentas de desenvolvimento.
Ainda não há previsão de lançamento, o que sugere que o projeto se encontra em fase exploratória. Mesmo assim, a simples declaração da JetBrains indica como a empresa enxerga o futuro da programação: menos voltado a sintaxe e mais a intenção. Para os profissionais, isso poderia significar mais tempo para pensar no design e na lógica de produtos, e menos esforço em detalhes técnicos repetitivos.
Esse tipo de proposta sempre gera debates na comunidade. Alguns defendem que o excesso de abstração pode distanciar o programador do controle sobre o código, gerando dependência das ferramentas. Outros, porém, veem a ideia como um passo natural da evolução da computação, da mesma forma que linguagens de alto nível substituíram a programação em Assembly no passado.
De uma forma ou de outra, se concretizada, essa iniciativa da JetBrains poderá se tornar um marco na história da programação, aproximando ainda mais a criação de software do cotidiano humano.
Você acredita que uma linguagem próxima ao inglês, apoiada em IA, pode substituir frameworks multiplataforma no futuro? Compartilhe sua visão sobre os benefícios e riscos dessa abordagem.
Fontes:
JetBrains, Kirill Skrygan
Avisos de transparência:
Informações baseadas em declarações confirmadas do CEO da JetBrains; não há previsão oficial de lançamento da nova linguagem.