O Japão está vivendo um momento de intensa transformação tecnológica em 2025, consolidando-se como referência mundial em inteligência artificial, inovação aplicada e cooperação internacional. O país não apenas acelera o desenvolvimento de soluções tecnológicas próprias, mas também amplia parcerias estratégicas com gigantes do setor e blocos econômicos, como Estados Unidos e União Europeia, para impulsionar a pesquisa e a adoção de tecnologias disruptivas.
O anúncio de uma joint venture entre o SoftBank Group e a OpenAI, feito em fevereiro de 2025, marca um novo capítulo na história da inteligência artificial japonesa. Segundo Masayoshi Son, CEO do SoftBank, a parceria – batizada de SB OpenAI Japan – tem como objetivo oferecer serviços avançados de IA para grandes corporações, utilizando grandes volumes de dados armazenados por empresas clientes para criar soluções de gestão otimizadas. Son declarou, durante evento em Tóquio, que o Japão será o ponto de partida para o lançamento dos “serviços de IA mais avançados do mundo para grandes empresas”, com planos de expansão para setores governamentais, médicos e educacionais.
A iniciativa foi comunicada pessoalmente ao primeiro-ministro japonês Shigeru Ishiba, que destacou a importância de fortalecer a colaboração entre Japão e Estados Unidos no campo da inteligência artificial, especialmente diante da crescente competição com a China, que vem investindo pesado em modelos de IA próprios. Sam Altman, CEO da OpenAI, também esteve presente na reunião e afirmou que a joint venture permitirá trazer ao mercado japonês tecnologias de IA de ponta, adaptadas às necessidades locais.
Além dessa parceria, o SoftBank anunciou investimentos anuais de US$ 3 bilhões para a implementação das soluções da OpenAI em suas subsidiárias, e integra ainda o ambicioso Project Stargate, que visa construir infraestrutura de IA nos Estados Unidos, com aporte inicial de US$ 15 bilhões. Essas ações reforçam o compromisso do conglomerado japonês em liderar a transformação digital global.
No âmbito legislativo, o governo japonês anunciou em fevereiro de 2025 a intenção de tornar o país “o mais amigável do mundo para a IA”, adotando uma abordagem regulatória mais flexível do que a União Europeia. O projeto de lei sobre promoção da pesquisa, desenvolvimento e uso de tecnologias relacionadas à IA, atualmente em tramitação no Parlamento, prevê que empresas privadas cooperem com iniciativas governamentais, enquanto o Estado se compromete a criar diretrizes alinhadas a padrões internacionais e promover a pesquisa e coleta de dados para o avanço da IA.
A cooperação internacional é outro pilar fundamental da estratégia japonesa. Em maio de 2025, o ministro de Estado para Ciência e Política de Tecnologia, Minoru Kiuchi, assinou uma Carta de Intenções com a vice-presidente da Comissão Europeia, Henna Virkkunen, para fortalecer a colaboração em ciência e tecnologia quântica. O acordo, firmado durante o Conselho de Parceria Digital UE-Japão em Tóquio, prevê ações conjuntas em pesquisa básica e aplicada, industrialização, intercâmbio de especialistas e projetos de inovação em áreas como biomedicina, ciência dos materiais, modelagem climática e segurança cibernética. O projeto Q-NEKO, que reúne 16 parceiros europeus e japoneses, é um dos primeiros frutos dessa cooperação, focando no desenvolvimento de hardware, software e ambientes híbridos de computação de alto desempenho e quântica.
Na prática, a inovação japonesa já vem sendo aplicada em desafios globais. Um exemplo é o uso de drones e inteligência artificial para desminagem na Ucrânia. A equipe do professor Hideyuki Sawada, da Universidade Waseda, desenvolve desde 2019 um sistema que utiliza drones equipados com câmeras infravermelhas e IA para identificar minas terrestres, tornando a detecção mais rápida e segura. Sawada explicou, em seminário do Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que o sistema aprende a reconhecer minas a partir de centenas de imagens, superando desafios como variações de temperatura e umidade do solo.
O Japão também busca cooperação com a União Europeia para o desenvolvimento de modelos de IA em outros idiomas além do inglês e chinês, ampliando a acessibilidade e a diversidade tecnológica. Essas iniciativas demonstram o compromisso do país em criar soluções inovadoras, inclusivas e seguras para desafios atuais e futuros.
O cenário japonês em 2025 revela um país determinado a liderar a transformação digital, investindo em pesquisa, parcerias estratégicas e políticas públicas que favorecem o avanço tecnológico. Combinando tradição em inovação, abertura à cooperação internacional e foco em aplicações práticas, o Japão se consolida como protagonista global em inteligência artificial e tecnologias emergentes.
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Fontes: Bloomberg, Reuters, The Verge, TechCrunch, Cabinet Office of Japan, SoftBank Group, Comissão Europeia, DW, Comitê Internacional da Cruz Vermelha