
Novo campo permitiria que crawlers e navegadores identifiquem quando conteúdos foram gerados por inteligência artificial
Com o crescimento vertiginoso do uso de inteligência artificial na criação de conteúdo digital, a Internet Engineering Task Force (IETF) — grupo responsável pela padronização de protocolos fundamentais da internet — propôs um novo cabeçalho HTTP que visa indicar quando e como a IA foi utilizada em uma página web.
A proposta, atualmente em estágio de rascunho, define um cabeçalho que poderia ser adotado voluntariamente por servidores e plataformas para comunicar de forma transparente o envolvimento de sistemas de IA na geração ou modificação de conteúdo online.
Como funcionará o novo cabeçalho?
Batizado informalmente como “AI-Usage”, o campo HTTP incluiria as seguintes informações:
- mode: indica se a IA foi usada (“generated” ou “modified”)
- model: especifica o modelo utilizado (ex: “GPT-4o”, “Claude 3.5”)
- provider: identifica a organização que criou o modelo (ex: “OpenAI”, “Anthropic”)
- reviewed-by: nome ou cargo da pessoa ou sistema que revisou o conteúdo
- date: data e hora da geração ou modificação
Um exemplo de como isso poderia aparecer em uma resposta HTTP:
AI-Usage: mode=generated; model=GPT-4o; provider=OpenAI; reviewed-by=editor_humano; date=2025-08-23T14:00:00Z
Por que isso é importante?
A proposta chega em um momento de aumento da desinformação e do conteúdo gerado automaticamente na web. Com milhares de páginas sendo publicadas por dia com a ajuda de IAs, identificar com precisão a origem do conteúdo tornou-se um desafio técnico e ético.
Ao oferecer um mecanismo padronizado e legível por máquina para sinalizar o uso de IA, o novo cabeçalho pode facilitar o trabalho de crawlers como os do Google, sistemas de arquivamento e navegadores, além de aumentar a transparência para quem desenvolve ferramentas baseadas em dados da web.
No entanto, o próprio IETF deixa claro que o campo não é seguro, ou seja, pode ser modificado por proxies, servidores intermediários ou mal-intencionados, o que limita seu uso como ferramenta de verificação confiável.
Adoção será voluntária
O cabeçalho proposto não será obrigatório. Como em muitas diretrizes do IETF, a aplicação dependerá do interesse da comunidade de desenvolvedores, plataformas de conteúdo, motores de busca e empresas que atuam na governança da web.
A proposta também levanta um debate sobre quem será responsável por declarar o uso da IA: o autor do conteúdo, a plataforma onde ele é publicado ou o servidor que entrega a página?
Um caminho para mais transparência?
Apesar das limitações técnicas, a sugestão do IETF sinaliza uma tendência maior de tornar o uso de inteligência artificial na web mais visível e auditável. Em tempos em que conteúdos sintéticos se confundem com criações humanas, soluções como essa podem ajudar a restabelecer um grau mínimo de confiança nos dados que circulam na internet.
Você acha que sites deveriam informar quando usam IA? Essa transparência faz diferença para você? Compartilhe sua opinião nos comentários!
Fontes:
IETF draft AI-Usage header, TechCrunch, Ars Technica