
A adoção de inteligĂȘncia artificial em ambientes de atendimento ao cliente tem sido cada vez mais comum, mas uma nova sĂ©rie de entrevistas com profissionais da ĂĄrea revela que a tecnologia ainda estĂĄ longe de ser plenamente confiĂĄvel. Segundo reportagem publicada pelo site The Register, funcionĂĄrios de call centers na China â incluindo operadores e lĂderes de equipe â estĂŁo começando a questionar a utilidade prĂĄtica da IA em tarefas do dia a dia.
Entre as principais reclamaçÔes estĂĄ a imprecisĂŁo nas transcriçÔes de chamadas telefĂŽnicas, uma das promessas mais divulgadas pelos fornecedores de soluçÔes de IA. De acordo com os relatos, os sistemas frequentemente cometem erros graves ao transcrever trechos de voz, especialmente quando lidam com palavras homĂŽnimas â que tĂȘm a mesma pronĂșncia, mas significados diferentes â e sequĂȘncias numĂ©ricas, como cĂłdigos, senhas ou nĂșmeros de telefone.
“Os erros acontecem com frequĂȘncia, e Ă s vezes sĂŁo absurdos”, afirmou um supervisor entrevistado. “VocĂȘ pede para a IA gerar um resumo da conversa, mas acaba precisando revisar e reescrever quase tudo. Isso tira o propĂłsito da automação.”
Além disso, os sistemas que geram respostas automåticas durante as chamadas ou produzem resumos textuais após o atendimento muitas vezes entregam resultados que carecem de contexto, confundem instruçÔes e, em alguns casos, até criam registros incorretos de interaçÔes com os clientes.
Embora as empresas que desenvolvem essas tecnologias prometam eficiĂȘncia e redução de custos, os relatos dos trabalhadores sugerem o contrĂĄrio: a supervisĂŁo humana continua sendo essencial, e o tempo gasto para corrigir os erros da IA anula parte dos ganhos esperados.
Outro ponto citado nas entrevistas Ă© a dificuldade da IA em lidar com variaçÔes regionais da lĂngua, sotaques e expressĂ”es populares, o que agrava ainda mais a situação em paĂses como a China, onde hĂĄ grande diversidade linguĂstica e tonalidades que a IA ainda nĂŁo consegue interpretar corretamente.
A frustração dos profissionais de atendimento levanta um alerta sobre a real maturidade das ferramentas de IA voltadas para o setor de customer service. Embora promissoras, essas tecnologias ainda não substituem o discernimento humano, especialmente em interaçÔes que exigem empatia, interpretação subjetiva e agilidade na comunicação com o cliente.
Empresas do setor tecnolĂłgico continuam investindo pesadamente em modelos de linguagem natural e reconhecimento de fala, com promessas de melhorias constantes. No entanto, os profissionais na linha de frente pedem mais cautela na implementação, defendendo que a IA deve suplementar, e nĂŁo substituir a atuação humana â pelo menos por enquanto.
VocĂȘ acredita que a IA jĂĄ estĂĄ pronta para lidar com o atendimento ao cliente sozinha? Compartilhe sua opiniĂŁo nos comentĂĄrios!
Fontes:
The Register, entrevistas com operadores de call center, especialistas em IA e linguagem natural