
A União Europeia intensificou drasticamente as tensões comerciais com a China ao anunciar, em 10 de junho de 2025, a imposição de novas e pesadas tarifas provisórias sobre os veículos elétricos (EVs) importados do país asiático. A decisão, comunicada oficialmente pela Comissão Europeia, é o resultado de uma investigação anti-subsídios que concluiu, em caráter preliminar, que os fabricantes chineses se beneficiam de vantagens desleais concedidas pelo Estado, permitindo-lhes inundar o mercado europeu com carros a preços artificialmente baixos. A medida visa proteger a indústria automobilística europeia, mas arrisca desencadear uma dura retaliação de Pequim e impactar a transição energética no continente.
A investigação, iniciada formalmente em outubro de 2023, analisou toda a cadeia de valor dos veículos elétricos na China. Segundo a Comissão Europeia, foram encontradas evidências substanciais de que o governo chinês concede subsídios diretos, isenções fiscais e acesso a matérias-primas e financiamento a baixo custo para suas montadoras. Essa vantagem competitiva, segundo Bruxelas, representa uma ameaça direta aos fabricantes europeus, como Volkswagen, Renault e Stellantis, que enfrentam custos de produção mais elevados e operam em um mercado com regras mais rígidas. O objetivo das tarifas, tecnicamente chamadas de “direitos compensatórios”, é nivelar o campo de jogo e compensar o efeito desses subsídios.
Os valores das tarifas não são uniformes e variam significativamente de acordo com o nível de cooperação das empresas chinesas durante a investigação da UE. As taxas serão aplicadas sobre o valor dos veículos, somando-se à já existente tarifa de importação de 10%. Para as empresas investigadas, os valores foram definidos da seguinte forma:
- BYD: 17,4%
- Geely (dona da Volvo e Polestar): 20%
- SAIC (dona da MG): 38,1%
Para outros fabricantes de EVs na China que cooperaram com a investigação, será aplicada uma tarifa média de 21%. Já as empresas que não cooperaram com o processo investigativo da Comissão Europeia enfrentarão a tarifa residual mais alta, de 38,1%. Essas taxas são provisórias e entrarão em vigor nas próximas semanas.
A reação de Pequim foi imediata e severa. O Ministério do Comércio da China condenou a medida, classificando-a como um ato de “protecionismo explícito” que viola as regras da Organização Mundial do Comércio (OMC). O governo chinês afirmou que a decisão da UE carece de base factual e legal, e declarou que tomará “todas as medidas necessárias para defender firmemente os direitos e interesses legítimos das empresas chinesas”. Analistas internacionais preveem que a China possa retaliar aplicando suas próprias tarifas sobre produtos europeus, com setores como o agrícola, o de aviação e o de automóveis de luxo – especialmente os fabricados na Alemanha – sendo os alvos mais prováveis.
Dentro da própria Europa, a decisão não foi recebida com unanimidade. Enquanto alguns fabricantes podem ver as tarifas como uma proteção necessária, outros, especialmente as montadoras alemãs com forte presença de vendas na China, expressaram grande preocupação. O temor é que uma guerra comercial em larga escala prejudique mais do que ajude, afetando suas operações no lucrativo mercado chinês. A medida também pode ter um efeito colateral indesejado para os consumidores europeus, resultando em preços mais altos para os veículos elétricos e, potencialmente, retardando a adoção em massa necessária para cumprir as metas climáticas do bloco.
A Comissão Europeia informou que estas tarifas são provisórias e que entrou em contato com as autoridades chinesas para discutir as conclusões e explorar formas de resolver as questões identificadas. Se não for encontrada uma solução diplomática, as tarifas provisórias poderão se tornar definitivas, com validade de cinco anos, após uma votação dos Estados-membros da UE. O mundo agora observa atentamente os próximos passos de duas das maiores economias do planeta, em um impasse que definirá o futuro do comércio global de veículos elétricos.
Qual a sua opinião sobre a decisão da União Europeia? Acredita que as tarifas são necessárias para proteger a indústria local ou que prejudicarão os consumidores e a transição para os veículos elétricos? Deixe seu comentário.
Nota de Transparência:
Esta matéria é baseada em comunicados oficiais da Comissão Europeia e em reportagens de agências de notícias internacionais como Reuters e Bloomberg. Os valores das tarifas e as reações citadas são baseadas nas informações públicas disponíveis até a data da publicação.
Fontes:
Comissão Europeia, Reuters, Bloomberg