
Um engenheiro de software chamado Soham Parekh está no centro de uma polêmica que ganhou as redes sociais e fóruns de tecnologia, após vir à tona que ele conseguiu manter múltiplos empregos simultaneamente em diferentes startups, sem que os empregadores percebessem.
A prática, embora não inédita no mundo da tecnologia, chamou atenção pela ousadia e eficiência com que foi executada. Fundadores e gestores de startups relataram que Parekh se destacava fortemente durante os processos seletivos, especialmente em entrevistas técnicas, e que seu currículo causava boa impressão devido a sua forte presença em plataformas como o GitHub, onde ele mantinha projetos open-source com foco em realidade aumentada e WebXR (realidade estendida para web).
O caso ganhou maior repercussão após publicações em comunidades de engenharia no X (antigo Twitter) e no Hacker News, onde usuários compartilharam prints e experiências com profissionais que realizam o chamado overemployment — prática em que um trabalhador assume mais de um cargo em tempo integral ao mesmo tempo, sem informar aos empregadores.
Soham Parekh, que também já foi destaque em uma postagem oficial no blog da Meta em 2021 — na época, elogiado por sua contribuição em projetos open-source de realidade mista —, confirmou os relatos em uma publicação pessoal, mas esclareceu que não recomenda a prática, afirmando que só o fez por necessidade financeira.
Segundo ele, a pandemia e a volatilidade no setor de tecnologia o deixaram em uma situação delicada, forçando-o a buscar estabilidade em múltiplos contratos. Ele ainda afirmou que, embora conseguisse lidar com as demandas técnicas de todas as posições, a situação se tornou insustentável do ponto de vista emocional e ético.
A polêmica reacende um debate sensível no setor de tecnologia: até que ponto é aceitável que profissionais altamente qualificados gerenciem múltiplas funções ao mesmo tempo, especialmente em startups que muitas vezes dependem da dedicação total de seus colaboradores?
Especialistas em gestão de talentos e recursos humanos apontam que, embora legalmente não exista impedimento direto, o comportamento pode violar cláusulas contratuais de exclusividade, além de comprometer a produtividade, a confiança e o trabalho em equipe.
Além disso, com o aumento de contratações remotas em escala global, tornou-se mais difícil para as empresas monitorarem com precisão a dedicação dos funcionários. Isso abre espaço para abusos e coloca os empregadores em situação de vulnerabilidade, especialmente quando dependem de entregas rápidas em ambientes altamente competitivos.
Por outro lado, há quem defenda que o comportamento de Parekh é reflexo de um mercado que, mesmo exigindo dedicação integral, nem sempre oferece segurança ou estabilidade, levando profissionais qualificados a buscarem múltiplas fontes de renda para se protegerem de demissões repentinas.
Até o momento, Soham Parekh não indicou se continuará trabalhando no setor de tecnologia da mesma forma, mas declarou que está refletindo sobre os próximos passos e a necessidade de restabelecer sua reputação.
Você acha justo um profissional manter vários empregos sem avisar os empregadores? Comente abaixo com sua opinião!
Fontes:
G1, Hacker News, Blog da Meta, GitHub, redes sociais técnicas