O YouTube está sendo inundado por canais que produzem vídeos sobre história utilizando inteligência artificial — e isso tem causado polêmica. Embora muitos desses vídeos acumulem milhões de visualizações, historiadores e produtores de conteúdo alertam que o fenômeno está prejudicando a qualidade da informação disponível na plataforma.
Entre os críticos está Pete Kelly, criador do canal History Time, que possui mais de um milhão de inscritos e é conhecido por vídeos longos, detalhados e profundamente pesquisados. Kelly afirmou recentemente que diversos vídeos gerados por IA apresentam erros graves, distorções ou simplificações excessivas dos fatos históricos, muitas vezes sem citar fontes confiáveis.
“Esses canais produzem conteúdo em massa, com dezenas de vídeos semanais, usando roteiros genéricos gerados por IA e vozes sintéticas. Isso mina o trabalho de quem passa meses pesquisando com base em evidências acadêmicas”, diz Kelly.
O problema, segundo ele, vai além da concorrência desleal. Ao consumir vídeos com informações erradas ou imprecisas, o público pode formar uma compreensão equivocada da história, reforçando mitos ou narrativas tendenciosas. E o algoritmo do YouTube, que premia tempo de exibição e frequência de postagem, tende a impulsionar ainda mais esse tipo de produção massiva.
O cenário é reflexo direto do avanço das tecnologias generativas. Com ferramentas como ChatGPT, ElevenLabs e modelos de edição automatizada, qualquer pessoa pode criar vídeos longos com aparência profissional — mesmo sem conhecimento profundo do tema abordado.
Esse movimento lembra, em certa medida, o boom de sites de “notícias” falsas em redes sociais nos últimos anos, que aproveitaram algoritmos e monetização para espalhar desinformação em escala. Agora, a preocupação é que o mesmo esteja acontecendo com a história, a ciência e a cultura no YouTube.
A plataforma afirmou, em comunicados recentes, que pretende restringir conteúdos “massificados” por IA, especialmente em tópicos sensíveis, como saúde, ciência e história. No entanto, até o momento, os resultados são pouco visíveis, e os vídeos continuam proliferando em diversos idiomas, atraindo até patrocinadores.
Para o espectador comum, é cada vez mais difícil identificar o que foi feito por especialistas humanos e o que foi automatizado. A estética é muitas vezes idêntica: imagens de arquivo, narração pausada, música ambiente. Mas por trás da narrativa polida, pode haver uma sequência de frases montadas sem critério, apenas para “parecerem confiáveis”.
Pete Kelly encerra seu alerta com uma recomendação: “Se você quer aprender história de verdade, apoie criadores que mostram suas fontes, citam especialistas e não tratam o passado como um roteiro de entretenimento barato gerado em segundos”.
Você costuma assistir vídeos de história no YouTube? Já percebeu erros ou imprecisões em conteúdos automatizados? Compartilhe sua experiência e opinião com a gente!
Fontes:
BBC News, The Verge, Insider, History Time