A Apple deu um passo ousado rumo à independência tecnológica ao anunciar, em 19 de fevereiro de 2025, o lançamento do seu primeiro modem 5G desenvolvido internamente, chamado C1. O anúncio veio junto com a estreia do iPhone 16e, um novo modelo da família iPhone 16 que promete desempenho poderoso a um preço mais acessível. Esse modem, descrito pela empresa como o mais eficiente em termos de energia já integrado a um iPhone, marca o fim de uma longa jornada para reduzir a dependência de fornecedores como a Qualcomm e abre caminho para um futuro de maior controle sobre o hardware dos seus dispositivos.
O C1 estreia no iPhone 16e, equipado também com o chip A18, o mesmo processador presente nos modelos iPhone 16 e 16 Plus. Segundo a Apple, o modem foi projetado para oferecer conectividade 5G rápida e confiável, ao mesmo tempo em que melhora significativamente a duração da bateria. Testes iniciais indicam que o iPhone 16e pode alcançar até 26 horas de reprodução de vídeo, um recorde para um iPhone com tela de 6,1 polegadas. Essa eficiência energética é resultado da integração entre o C1, o design interno avançado da Apple Silicon e o gerenciamento de energia otimizado do iOS 18, lançado no final de 2024.
A transição para um modem próprio não é novidade nos planos da Apple. Desde 2019, quando adquiriu a divisão de modems para smartphones da Intel por 1 bilhão de dólares, a empresa tem investido pesado em pesquisa e desenvolvimento. O objetivo era claro: criar uma solução personalizada que atendesse às suas necessidades específicas, algo que os modems da Qualcomm, embora avançados, nem sempre conseguiam oferecer. Após anos de desafios técnicos, como protótipos que superaqueciam ou apresentavam velocidades inferiores, o C1 finalmente chegou ao mercado, sinalizando uma nova era para os iPhones.
Embora o C1 seja um marco, ele não é perfeito. Relatórios apontam que o modem suporta apenas redes 5G sub-6GHz, deixando de fora o padrão mmWave, que oferece velocidades mais altas em áreas urbanas densas, como as encontradas em grandes cidades do Japão. Isso significa que, por enquanto, o iPhone 16e não competirá diretamente com modelos topo de linha da Qualcomm, como o Snapdragon X75, usado em outros iPhones. No entanto, para o público japonês, onde as redes sub-6GHz são amplamente implementadas pelas operadoras como NTT Docomo e SoftBank, a ausência do mmWave pode não ser um grande obstáculo.
O impacto desse lançamento vai além do iPhone 16e. Especialistas acreditam que a Apple planeja expandir o uso do C1 e suas futuras gerações para outros dispositivos, como iPads e até Macs com conectividade celular. Rumores sugerem que uma segunda versão do modem, prevista para 2026, trará suporte ao mmWave e velocidades ainda mais altas, equiparável ao que a Qualcomm oferece hoje. Até 2027, a empresa espera superar a concorrência com uma terceira geração, possivelmente integrada ao chip principal, eliminando a necessidade de componentes separados e reduzindo custos e espaço interno.
No Japão, conhecido por sua paixão por tecnologia de ponta, o anúncio do C1 desperta curiosidade e expectativas. A eficiência énergétique pode ser um diferencial em um mercado onde consumidores valorizam dispositivos leves e duradouros. Além disso, a possibilidade de preços mais competitivos no futuro, graças à produção interna, pode fortalecer a posição da Apple frente a rivais como Samsung e Google, que também disputam espaço com modelos 5G acessíveis.
Por enquanto, o C1 é um teste inicial. A Apple optou por lançá-lo no iPhone 16e, um modelo de volume menor, para avaliar seu desempenho em condições reais antes de implementá-lo em flagships como o iPhone 17. A estratégia reflete cautela, mas também confiança. Se bem-sucedido, o modem pode revolucionar a forma como a Apple projeta seus dispositivos, oferecendo maior integração entre hardware e software – algo que já é uma marca registrada da empresa.
Embora a Qualcomm continue fornecendo modems para outros modelos até pelo menos 2027, conforme acordo renovado em 2024, o C1 é um sinal claro de que a Apple está determinada a dominar cada aspecto de seus produtos. Para os fãs da marca no Japão e no mundo, o iPhone 16e é mais do que um novo celular – é o começo de uma transformação tecnológica.
Fontes: Apple Newsroom, Bloomberg, TechCrunch, MacRumors, 9to5Mac