
Um novo relatório da empresa de análise de dados SimilarWeb revelou uma mudança sísmica no comportamento online dos brasileiros. Em conjunto, os sites de apostas esportivas, agrupados sob o domínio oficial “.bet.br”, tornaram-se o segundo maior destino da internet no país durante o mês de maio. Com um volume impressionante de 2,7 bilhões de acessos, o setor superou gigantes globais como o YouTube, que registrou 1,3 bilhão de visitas, e plataformas de comunicação consolidadas como o WhatsApp, com 759 milhões de acessos. O único destino que permaneceu à frente foi o Google, com 4,9 bilhões de visitas.
Este fenômeno digital é quase que exclusivamente brasileiro. Os dados confirmam que 99,9% de todo o tráfego direcionado aos domínios “.bet.br” se origina no Brasil, um fato que, por si só, já posicionou o domínio como o 14º mais acessado em escala global. A análise, que agregou todas as visitas a páginas de empresas regularizadas pelo governo, oferece uma visão clara da dimensão que o mercado de apostas alcançou no país, transformando-se rapidamente em um dos principais hábitos de consumo digital da população.
O crescimento explosivo não é um evento isolado, mas o resultado de uma combinação de fatores, incluindo a paixão nacional pelo futebol, a massificação do acesso a smartphones e um intenso investimento em marketing por parte das empresas do setor. Desde a legalização das apostas de quota fixa em 2018, seguida pela regulamentação mais robusta através da Lei 14.790/2023, o mercado encontrou um terreno fértil para expandir. O Ministério da Fazenda, por meio da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), tem publicado portarias ao longo de 2024 para organizar o setor, estabelecendo regras para operação, publicidade e, crucialmente, para a proteção dos apostadores.
O impacto econômico é inegável. Estimativas de consultorias como a PwC indicam que o setor movimentou cifras que podem chegar a R$ 100 bilhões em 2023. Com a regulamentação completa, a expectativa do governo é arrecadar bilhões em impostos que poderão ser revertidos para áreas como segurança pública, educação e, claro, o esporte. A lei sancionada prevê um modelo de tributação tanto para as empresas quanto para os prêmios pagos aos apostadores, formalizando um fluxo financeiro que antes operava em uma zona cinzenta.
Contudo, a ascensão meteórica das “bets” também acende importantes alertas. Especialistas e organizações da sociedade civil expressam preocupação com as consequências sociais deste crescimento. O principal risco apontado é o aumento do vício em jogos, ou ludopatia, que pode levar a um severo endividamento e a problemas de saúde mental. Estudos já indicam que uma parcela dos apostadores, especialmente em faixas de renda mais baixas, pode estar comprometendo recursos essenciais com as apostas. A regulamentação em curso busca mitigar esses riscos, exigindo que as plataformas promovam o jogo responsável e ofereçam mecanismos de autoexclusão para os usuários.
O cenário atual é de um mercado em plena consolidação, onde a conveniência digital se encontrou com uma atividade popular e um ambiente regulatório em formação. Os números da SimilarWeb não mentem: as apostas online deixaram de ser um nicho para se tornar uma força dominante na internet brasileira, um movimento que redefine o entretenimento, o consumo e traz novos desafios econômicos e sociais para o país.
O que você acha deste crescimento? A regulamentação será suficiente para equilibrar os benefícios econômicos e os riscos sociais? Deixe sua opinião nos comentários.
Fontes:
SimilarWeb, Agência Gov, PwC, CNN Brasil, Meio e Mensagem
Aviso de Transparência:
Esta matéria foi elaborada com base em dados de tráfego de internet divulgados pela empresa de análise de mercado SimilarWeb. As informações sobre o contexto regulatório e o impacto econômico foram verificadas em publicações oficiais do Governo Federal e em relatórios de consultorias e veículos de imprensa reconhecidos.