
“Hacker” aparece pela primeira vez na grande mídia
Reportagem da revista Newsweek popularizou o termo, associando-o a adolescentes que invadiam computadores por diversão.
No dia 5 de setembro de 1983, a palavra “hacker” ganhava destaque pela primeira vez na grande mídia com a publicação de uma reportagem na revista norte-americana Newsweek. O artigo abordava um fenômeno até então pouco compreendido: o crescente número de adolescentes que exploravam sistemas computacionais, invadindo redes corporativas, governamentais e acadêmicas não por motivos financeiros ou ideológicos, mas por curiosidade, desafio intelectual e diversão.
A reportagem ajudou a popularizar o termo “hacker” junto ao público em geral, ao mesmo tempo em que estabeleceu uma narrativa que moldaria a percepção da palavra por décadas. Embora o termo já fosse utilizado desde os anos 1960 dentro de comunidades universitárias como o MIT, onde “hackers” eram vistos como pessoas criativas que solucionavam problemas técnicos de forma engenhosa, a Newsweek atribuiu uma conotação muito mais associada à transgressão e ao potencial perigo digital.
A matéria relatava o caso de adolescentes que usavam modems rudimentares e telefones analógicos para acessar sistemas remotos — uma prática conhecida como “wardialing” — e destacava histórias como a de um grupo que teria acessado computadores da NASA e do Pentágono. Embora o tom fosse alarmista, a publicação foi fundamental para chamar a atenção da opinião pública e das autoridades sobre o fenômeno da segurança digital, que ainda engatinhava na época.
A repercussão da reportagem coincidiu com o lançamento, naquele mesmo ano, do filme “WarGames”, estrelado por Matthew Broderick, no qual um jovem estudante invade sem querer o sistema de defesa dos Estados Unidos, quase iniciando uma guerra nuclear. O filme, embora fictício, reforçou a figura do “hacker adolescente” como um novo tipo de protagonista das preocupações tecnológicas do mundo moderno.
Como resultado da reportagem e da crescente atenção ao tema, os anos seguintes testemunharam o surgimento das primeiras legislações específicas sobre crimes cibernéticos, além da formação de departamentos especializados dentro das agências de segurança norte-americanas. Ao mesmo tempo, o termo “hacker” começou a ser disputado por comunidades técnicas, que passaram a defender a separação entre “hackers éticos” e “crackers” — esses últimos sendo os que quebravam sistemas com intenção maliciosa.
Décadas depois, a palavra “hacker” continua carregada de ambiguidade, podendo representar desde gênios criativos que trabalham com segurança da informação até criminosos virtuais perigosos. Ainda assim, o marco de 5 de setembro de 1983 permanece na história como o dia em que o termo foi apresentado ao grande público, abrindo caminho para uma nova era de debates sobre privacidade, ética digital e segurança cibernética.
Você lembra da primeira vez que ouviu o termo “hacker”? Acha que ele ainda carrega o mesmo peso ou perdeu força com o tempo? Compartilhe sua visão com a gente nos comentários!
Fontes:
Newsweek (1983), MIT Tech Archives, Wired, The Hacker Crackdown (Bruce Sterling), Internet Hall of Fame