
Energia geotérmica gerou eletricidade pela 1ª vez em 1904
No dia 4 de julho de 1904, um marco silencioso, porém revolucionário, foi estabelecido na história da energia: o engenheiro e empresário italiano Piero Ginori Conti realizou, na cidade de Larderello, na região da Toscana, a primeira demonstração pública bem-sucedida de geração elétrica utilizando energia geotérmica — isto é, o calor vindo diretamente do interior da Terra.
A demonstração consistiu em acionar um pequeno motor de 10 kW alimentado exclusivamente pelo vapor geotérmico extraído do subsolo da área. O motor forneceu eletricidade suficiente para acender quatro lâmpadas incandescentes. Embora modesta em escala, a experiência representou o primeiro passo concreto na utilização sustentável de fontes naturais renováveis para geração de eletricidade.
Larderello, onde o evento ocorreu, já era conhecida desde o século XVIII pela presença de manifestações geotérmicas, como gêiseres e fontes termais naturais. A região havia sido explorada por seus depósitos de ácido bórico, mas foi Conti quem enxergou o potencial energético do vapor subterrâneo como uma fonte limpa e contínua de eletricidade.
A demonstração de 1904 foi registrada oficialmente e acompanhada por autoridades e cientistas da época, garantindo a veracidade histórica do feito. Poucos anos depois, em 1911, a primeira usina geotérmica comercial do mundo seria construída em Larderello, tornando a Itália o país pioneiro na exploração desse tipo de energia em escala industrial.
A energia geotérmica baseia-se na extração de calor do interior da Terra, geralmente por meio de poços perfurados em regiões com atividade vulcânica ou geológica significativa. Esse calor é então convertido em vapor, que movimenta turbinas e gera eletricidade. Como não depende de combustíveis fósseis nem é afetada por variações climáticas, trata-se de uma fonte altamente confiável e de baixíssimo impacto ambiental, desde que corretamente administrada.
Hoje, a energia geotérmica é utilizada em dezenas de países, com destaque para Islândia, Estados Unidos, Filipinas, Indonésia e Quênia. Apesar disso, sua adoção em escala global ainda é limitada por fatores como custo de perfuração, necessidade de localização específica e desafios regulatórios.
O feito de Piero Ginori Conti em 1904 ganhou novo significado nos tempos atuais, quando a busca por alternativas limpas ao carbono é urgente. A geotermia, apesar de ser uma tecnologia centenária, volta a ser discutida como uma solução estratégica para a transição energética, especialmente em regiões com instabilidade de suprimento energético.
Além disso, novas abordagens tecnológicas, como geotermia de circuito fechado e o uso de inteligência artificial para mapeamento geológico, estão modernizando esse setor. A expectativa é que a energia geotérmica possa, no futuro, ter participação mais significativa na matriz energética global.
Piero Ginori Conti, que também foi presidente da Società Boracifera di Larderello, deixou um legado que transcende a engenharia. Seu pioneirismo mostrou que é possível gerar energia limpa com base no próprio planeta, antecipando, com mais de um século de antecedência, os princípios que hoje orientam o desenvolvimento sustentável.
Você acredita que o Brasil poderia investir mais em energia geotérmica? Comente sua opinião e compartilhe com quem se interessa por soluções sustentáveis!
Fontes:
IEEE Spectrum, registros históricos italianos, ENEL Green Power, Museu da Geotermia de Larderello