
29 de agosto de 2001: Brasil se conecta à Internet2 e marca novo capítulo na história da pesquisa científica
Parceria com rede americana levou universidades brasileiras a um novo patamar de colaboração e velocidade
Em 29 de agosto de 2001, o Brasil dava um importante passo rumo à integração científica global ao realizar a primeira conexão entre o backbone da RNP (Rede Nacional de Ensino e Pesquisa) e a Internet2, rede de altíssima velocidade criada pelos Estados Unidos para conectar instituições de ensino superior, centros de pesquisa e agências governamentais.
O feito marcou uma nova era na infraestrutura de rede nacional, permitindo colaboração internacional em tempo real, transmissões científicas com altíssima qualidade e acesso a experimentos remotos em laboratórios ao redor do mundo.
O que é a Internet2?
A Internet2 foi criada em 1996 nos EUA como uma rede avançada, paralela à internet comercial, com foco exclusivo em pesquisa, educação e inovação tecnológica. Com taxas de transmissão muito superiores às redes convencionais, ela permite a movimentação de grandes volumes de dados científicos, como imagens médicas em alta resolução, simulações computacionais e dados astronômicos.
Hoje, a rede é composta por mais de 300 universidades, 70 corporações e diversas agências governamentais americanas. Seu backbone opera em velocidades superiores a 100 Gbps, com latência mínima, ideal para aplicações críticas em áreas como física de partículas, bioinformática, astronomia, geociências e medicina.
A importância da conexão brasileira
A ligação do Brasil à Internet2 foi intermediada pela RNP, organização vinculada ao Ministério da Ciência e Tecnologia. A conexão foi estabelecida inicialmente via o Projeto AMPATH, sediado na Flórida, com capacidade de 45 Mbps — o que, na época, representava um salto significativo.
Com isso, o Brasil tornou-se o primeiro país da América Latina a ingressar formalmente no ecossistema da Internet2, abrindo caminho para:
- Projetos de colaboração internacional entre universidades brasileiras e instituições de ponta nos EUA e Europa;
- Participação em experimentos científicos remotos, como no CERN ou em observatórios espaciais;
- Transmissões de aulas e conferências ao vivo em alta definição, algo impensável na internet comercial da época.
RNP: conectando o Brasil à ciência global
Desde a sua fundação, a RNP tem sido o pilar da infraestrutura de rede acadêmica no Brasil, conectando mais de 1.600 instituições em todos os estados. A entrada na Internet2 foi um marco importante dentro de sua missão de democratizar o acesso à ciência e à tecnologia de ponta.
Essa conexão não só ampliou o alcance das universidades brasileiras, como também impulsionou projetos como o Telemedicina Universitária, redes de bibliotecas científicas interligadas e o compartilhamento de dados em projetos de genoma e inteligência artificial.
Impacto direto nas universidades
A partir de 2001, universidades como USP, UFRJ, Unicamp e UFMG passaram a utilizar a nova infraestrutura para integrar suas pesquisas a redes internacionais. Foi também um momento crucial para o desenvolvimento de áreas emergentes como:
- e-Science (ciência baseada em dados)
- Laboratórios virtuais interligados
- Educação a distância com alta qualidade de transmissão
Reflexo no futuro
Com a evolução das tecnologias, o Brasil continuou a expandir sua participação em redes globais. Em 2014, por exemplo, foi inaugurado o cabo submarino EllaLink, que conecta diretamente Fortaleza a Portugal, ampliando a conexão acadêmica do Brasil com a Europa — mais uma conquista viabilizada pela atuação da RNP.
Atualmente, com a chegada da IA, da computação em nuvem e do 5G, a existência de redes como a Internet2 e seus equivalentes internacionais continua sendo essencial para que o Brasil mantenha protagonismo em pesquisa, mesmo diante de restrições orçamentárias.
Você participou de alguma iniciativa científica nesse período?
Ou sente que a internet nas universidades ainda está aquém do necessário? Compartilhe sua experiência!
Fontes:
RNP, Internet2 official records, AMPATH Project, Ministério da Ciência e Tecnologia