
Imagem ilustrativa gerada por IA
Primeiro vírus de computador da história foi criado em 28 de fevereiro de 1986
Em 28 de fevereiro de 1986, um marco na história da tecnologia foi estabelecido, embora não de forma positiva: o surgimento do primeiro vírus de computador amplamente reconhecido, o “Brain”. Desenvolvido por dois irmãos paquistaneses, Basit e Amjad Farooq Alvi, na cidade de Lahore, o Brain foi projetado inicialmente como uma medida de proteção contra pirataria de software. No entanto, o que começou como uma ideia aparentemente inofensiva acabou se tornando um dos primeiros exemplos de malware a se espalhar pelo mundo, infectando disquetes de 5,25 polegadas e marcando o início de uma era de ameaças cibernéticas que persiste até hoje. Essa curiosidade tecnológica, ocorrida há quase quatro décadas, revela como a segurança digital teve um começo humilde e inesperado.
O que era o vírus Brain?
O Brain foi criado para proteger um software médico desenvolvido pelos irmãos Alvi, que gerenciavam uma empresa de tecnologia em Lahore. Eles notaram que seus clientes frequentemente pirateavam o programa e decidiram adicionar um código que exibisse uma mensagem de direitos autorais nos computadores dos infratores. O vírus se instalava no setor de inicialização dos disquetes, substituindo-o por seu próprio código. Ao infectar um disquete, ele exibia a mensagem: “Welcome to the Dungeon © 1986 Basit & Amjad (Pvt) Ltd. Contact us for vaccination”, junto com o número de telefone e endereço da empresa.
O que os irmãos não previram foi a velocidade com que o Brain se espalharia. Na época, os disquetes eram o principal meio de transferência de dados entre computadores pessoais, especialmente os IBM PCs. Quando um disquete infectado era inserido em outra máquina, o vírus se replicava automaticamente, infectando novos disquetes inseridos posteriormente. Embora o Brain não destruísse dados nem causasse danos graves, ele rallentava os sistemas e ocupava espaço nos disquetes, o que irritava os usuários.
Um marco acidental na cibersegurança
O Brain é considerado o primeiro vírus para computadores pessoais IBM PC compatíveis, lançado em uma era em que a internet ainda não existia como a conhecemos hoje. Sua disseminação dependia exclusivamente do compartilhamento físico de disquetes, algo comum entre entusiastas de tecnologia e empresas na década de 1980. Estima-se que ele tenha infectado dezenas de milhares de computadores ao redor do mundo em poucos meses, especialmente nos Estados Unidos, onde os irmãos descobriram — para sua surpresa — que o vírus havia chegado via cópias piratas de seu software.
Curiosamente, os irmãos Alvi nunca tiveram a intenção de causar um problema global. Em entrevistas posteriores, eles afirmaram que o Brain foi uma tentativa de “dar uma lição” aos piratas de software, mas que perderam o controle da situação. Após receberem milhares de ligações de usuários irritados pedindo a “vacina” (uma solução para remover o vírus), eles perceberam o impacto de sua criação e decidiram abandonar projetos semelhantes.
Impacto e legado
O surgimento do Brain em 28 de fevereiro de 1986 abriu os olhos da indústria de tecnologia para a vulnerabilidade dos sistemas computacionais. Antes disso, a ideia de um código autorreplicante que pudesse se espalhar entre máquinas era mais teórica do que prática. O vírus inspirou o desenvolvimento dos primeiros programas antivírus comerciais, como o McAfee, lançado em 1987 por John McAfee, que viu no Brain uma oportunidade de mercado para proteger os usuários contra ameaças semelhantes.
Além disso, o Brain estabeleceu um precedente para os malwares modernos. Hoje, os vírus de computador evoluíram para formas muito mais sofisticadas, como ransomware e spyware, capazes de causar prejuízos financeiros bilionários. No entanto, tudo começou com esse pequeno código de 1986, que, apesar de simples, demonstrou o potencial destrutivo — e até criativo — da programação maliciosa.
Por que isso ainda é relevante?
A história do Brain é mais do que uma curiosidade tecnológica; é um lembrete de como ações aparentemente pequenas podem ter consequências globais. Em uma era dominada por ciberataques sofisticados, entender as origens das ameaças digitais ajuda a apreciar o trabalho contínuo em segurança cibernética. Para os usuários comuns, o incidente também destaca a importância de práticas seguras, como evitar mídias desconhecidas ou downloads suspeitos — um conselho que evoluiu dos disquetes para a internet.
Para os entusiastas de tecnologia, o Brain é quase um artefato histórico. Ele representa o início de uma guerra silenciosa entre criadores de malwares e especialistas em segurança, uma batalha que moldou a indústria de TI como a conhecemos. Até hoje, especialistas em cibersegurança citam o Brain como um exemplo seminal ao ensinar sobre a evolução das ameaças digitais.
Conclusão
Em 28 de fevereiro de 1986, Basit e Amjad Farooq Alvi não imaginavam que seu experimento de proteção contra pirataria entraria para a história como o primeiro vírus de computador amplamente disseminado. O Brain não apenas lançou as bases para a cibersegurança moderna, mas também serve como uma fascinante curiosidade tecnológica que mistura inovação, erro e legado. Quase 40 anos depois, ele continua sendo uma lição sobre o poder da tecnologia — para o bem e para o mal.
Fontes:
The New York Times, Wired, TechRadar, Computerworld, BBC Technology