Shakey, o robô que inaugurou a inteligência artificial
No dia 26 de abril de 1970, o Stanford Research Institute (SRI) apresentou ao mundo um marco da história da tecnologia: o robô Shakey. Considerado o primeiro robô móvel equipado com inteligência artificial, o Shakey revolucionou a maneira como máquinas poderiam interagir com o ambiente ao seu redor.
Diferente de outros robôs da época, que eram programados para executar tarefas específicas em ambientes altamente controlados, Shakey foi projetado para tomar decisões de forma autônoma. Equipado com sensores, câmeras e um sistema primitivo de processamento, o robô podia mapear seu entorno, planejar rotas e desviar de obstáculos, características até então inéditas na robótica.
O nome “Shakey” (tremido, em inglês) foi uma brincadeira dos cientistas devido ao seu movimento instável e trêmulo enquanto se deslocava. Mas apesar do apelido curioso, a importância do projeto foi imensa: ele introduziu conceitos fundamentais que serviriam de base para os sistemas modernos de navegação autônoma e inteligência artificial.
Shakey utilizava uma combinação de lógica de planejamento, percepção visual e processamento de comandos para cumprir missões simples, como empurrar caixas e navegar entre salas. O robô funcionava com um computador mainframe remoto, recebendo comandos e devolvendo informações sobre o ambiente para recalcular suas ações.
Entre as principais inovações trazidas por Shakey estão:
- A capacidade de dividir tarefas em pequenas ações e executar decisões de forma independente.
- O uso de mapas digitais para navegação.
- A integração de visão computacional com movimentação física.
Esses avanços foram essenciais para o surgimento de tecnologias que hoje estão presentes em robôs domésticos, veículos autônomos, drones e assistentes virtuais.
O projeto de Shakey também impulsionou o desenvolvimento de linguagens de programação e técnicas de planejamento automático, como STRIPS (Stanford Research Institute Problem Solver), que se tornaria uma das ferramentas mais influentes da inteligência artificial moderna.
Embora Shakey nunca tenha saído dos laboratórios do SRI, seu impacto ultrapassou fronteiras. Pesquisadores e engenheiros de todo o mundo se inspiraram no robô para criar sistemas cada vez mais autônomos e sofisticados, tornando-o um verdadeiro pioneiro da IA prática.
Hoje, ao observarmos a evolução dos carros autônomos, dos robôs de entrega e até mesmo das sondas espaciais, é possível traçar uma linha direta até aquele pequeno robô trêmulo que, há mais de cinco décadas, deu os primeiros passos para transformar ficção científica em realidade.
Shakey é mais do que uma peça de museu — é um ícone que simboliza o início da jornada da inteligência artificial no mundo real.
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Fontes:
Stanford Research Institute, Smithsonian Institution, Wired, Britannica, Computer History Museum