
Sony, Toshiba e IBM revelam o processador Cell em 2005
25 de agosto de 2005: Sony, Toshiba e IBM divulgam detalhes do microprocessador Cell, que equiparia o PlayStation 3
No dia 25 de agosto de 2005, um consórcio formado por Sony, Toshiba e IBM — apelidado de “STI” — revelou oficialmente os detalhes técnicos do microprocessador Cell, uma inovação de alto desempenho criada para lidar com tarefas complexas de computação paralela. O anúncio marcou o início da trajetória pública de uma das arquiteturas mais ousadas do início dos anos 2000, cuja primeira grande aplicação comercial seria no console PlayStation 3, lançado pouco depois, em 2006.
Mais do que um chip para games, o Cell Broadband Engine (nome completo) foi projetado como uma plataforma de computação de propósito geral, voltada para processamento gráfico, física de jogos, multimídia e até aplicações científicas — ambições que, à época, o colocavam à frente de seu tempo.
Uma arquitetura híbrida e poderosa
O grande diferencial do Cell era sua estrutura heterogênea: um núcleo central de propósito geral baseado em arquitetura PowerPC (PPE), acompanhado de oito núcleos auxiliares especializados chamados SPEs (Synergistic Processing Elements). Essa configuração permitia paralelismo massivo, ideal para processamento de gráficos e física em tempo real — elementos centrais nos games da nova geração.
O chip também trazia largura de banda elevada, barramentos otimizados e tecnologia avançada de gerenciamento de cache. Em teoria, o Cell poderia entregar até 200 gigaflops de desempenho bruto, algo impressionante para a época.
Aplicações além do PlayStation
Embora o PlayStation 3 tenha sido o principal “cartão de visita” do Cell, o chip chegou a ser utilizado em workstations da IBM, como o BladeCenter QS20, e até em supercomputadores, como o Roadrunner, que foi o primeiro sistema do mundo a atingir 1 petaflop — feito alcançado em parte graças à arquitetura híbrida baseada em Cell.
O processador também foi explorado em áreas como simulação médica, processamento de vídeo, criptografia e análises científicas — embora sua complexidade de programação tenha limitado sua adoção fora do universo da Sony.
Um legado de inovação — e complexidade
Apesar do potencial técnico, o Cell enfrentou críticas quanto à dificuldade de desenvolvimento. Muitos estúdios de games relataram desafios para otimizar títulos no PlayStation 3, o que levou a uma curva de aprendizado íngreme e atrasos em jogos multiplataforma. A complexidade foi um dos fatores que levaram a Sony a abandonar o Cell nas gerações seguintes, optando por arquiteturas mais padronizadas, como o x86 da AMD no PS4 e PS5.
Ainda assim, o Cell deixou um legado importante: antecipou a era das arquiteturas paralelas, do GPGPU e da computação heterogênea, pilares do processamento moderno em IA e aprendizado de máquina.
Você lembra da chegada do PS3 e do hype em torno do Cell?
Na sua opinião, o chip foi revolucionário ou um passo técnico que chegou antes da hora?
Fontes:
IBM Archives, Sony Global News, IEEE Spectrum, Ars Technica, Computerworld