
Satélite espião dos EUA é lançado com sucesso em 1959
Em 13 de junho de 1959, os Estados Unidos deram um passo crucial na corrida tecnológica da Guerra Fria com o lançamento do Discoverer 3, parte do projeto Corona, o primeiro programa oficial de satélites de reconhecimento dos EUA. Embora essa missão específica tenha falhado pouco após o lançamento, foi uma das primeiras tentativas reais de colocar no espaço um sistema de espionagem orbital. Esse esforço inaugurou a era dos satélites espiões, que transformariam profundamente a forma como os países monitoravam uns aos outros.
Naquela época, o avanço soviético com o lançamento do Sputnik 1 em 1957 havia alarmado os Estados Unidos, que temiam perder a supremacia tecnológica e militar. Como resposta, o governo americano, por meio de uma colaboração entre a CIA, a Força Aérea e a empresa Lockheed, desenvolveu em segredo o programa Corona. O Discoverer 3 foi um dos primeiros protótipos públicos, apresentado oficialmente como uma missão científica para encobrir seu real propósito militar.
O Corona tinha como objetivo principal capturar imagens aéreas da União Soviética e de outras áreas estratégicas. O satélite utilizava câmeras fotográficas avançadas e um sistema de cápsulas de retorno que permitia que os filmes fossem lançados de volta à Terra em pequenos módulos. Esses módulos eram então capturados no ar por aviões equipados com ganchos especiais — um método inédito e engenhoso para a época.
Apesar das falhas iniciais, como a do próprio Discoverer 3, que não conseguiu atingir a órbita, o programa foi persistente. Pouco tempo depois, com o lançamento bem-sucedido do Discoverer 14, em agosto de 1960, os EUA conseguiram suas primeiras imagens detalhadas da URSS a partir do espaço. Essa conquista teve impacto direto no equilíbrio de poder durante a Guerra Fria, ao fornecer informações estratégicas que antes só podiam ser obtidas com grande risco por aviões espiões como o U-2.
Além do aspecto militar, o projeto Corona também abriu caminho para o desenvolvimento de tecnologias espaciais que mais tarde seriam aplicadas em áreas civis, como a meteorologia, a agricultura e a navegação por satélite. A precisão das imagens capturadas por esses satélites serviu de base para avanços que influenciam até hoje o setor de sensoriamento remoto.
O programa Corona permaneceu em segredo por décadas e só foi oficialmente reconhecido pelo governo americano em 1995, quando documentos e imagens foram liberados para o público. Desde então, historiadores e especialistas em tecnologia têm analisado a importância desse marco, que uniu ciência, estratégia militar e inovação em uma das fases mais intensas da história moderna.
O lançamento do Discoverer 3, apesar de não ter sido tecnicamente bem-sucedido, é lembrado como o ponto de partida de um dos projetos mais ambiciosos e secretos da Guerra Fria. Foi a partir dele que os Estados Unidos consolidaram sua capacidade de vigilância espacial, algo que moldaria os rumos da geopolítica nas décadas seguintes.
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Fontes: CIA, U.S. National Reconnaissance Office, Smithsonian Air and Space Museum, NASA, The New York Times