Deep Blue vence Kasparov e revoluciona a IA em 1997
No dia 11 de maio de 1997, o mundo testemunhou um marco histórico na tecnologia e na inteligência artificial: o supercomputador Deep Blue, desenvolvido pela IBM, derrotou o então campeão mundial de xadrez, Garry Kasparov, em uma partida oficial de torneio. Essa vitória não foi apenas simbólica — foi a primeira vez que uma máquina venceu um campeão mundial em uma partida com regras regulamentadas, em ritmo de torneio, marcando o início de uma nova era na relação entre humanos e computadores.
A série de partidas começou em 3 de maio e terminou exatamente em 11 de maio de 1997, no evento conhecido como “IBM Man vs. Machine”. A disputa contou com seis partidas e terminou com o placar de 3,5 a 2,5 a favor do Deep Blue. A máquina venceu duas partidas, perdeu uma e empatou três, sendo a partida final decisiva para o desfecho histórico.
Kasparov já havia enfrentado uma versão anterior do Deep Blue em 1996 e vencido, o que deixou muitos céticos quanto ao real potencial da inteligência artificial. No entanto, a versão de 1997 veio equipada com avanços significativos. O supercomputador era capaz de avaliar 200 milhões de posições por segundo e foi aprimorado com novas heurísticas desenvolvidas por mestres de xadrez e engenheiros da IBM, além de contar com algoritmos mais refinados.
A derrota teve um forte impacto no mundo do xadrez e da computação. Kasparov, visivelmente frustrado, acusou a IBM de possível manipulação, insinuando que as jogadas da máquina tinham “toques humanos”. A IBM negou qualquer interferência, e os registros demonstraram que o Deep Blue operava de acordo com seus algoritmos programados.
Mais do que uma simples vitória em um jogo, o feito simbolizou um avanço no poder computacional e na aplicação da IA em áreas complexas que antes eram consideradas domínio exclusivo da cognição humana. O impacto reverberou em diversos setores, desde a robótica até a medicina, servindo como referência para o desenvolvimento de sistemas autônomos e de aprendizado de máquina.
Curiosamente, após a vitória, a IBM aposentou o Deep Blue, recusando-se a dar a Kasparov uma revanche. Apesar disso, o legado do evento permanece como um divisor de águas na história da inteligência artificial, motivando pesquisas e aplicações que hoje fazem parte do nosso cotidiano — como assistentes virtuais, algoritmos de recomendação, diagnósticos médicos por IA e veículos autônomos.
O embate entre Kasparov e Deep Blue é considerado, até hoje, um dos momentos mais emblemáticos da história da tecnologia e do xadrez. Ele não apenas provou a capacidade dos computadores em enfrentar desafios intelectuais, mas também acendeu o debate ético e filosófico sobre os limites da inteligência artificial frente à mente humana.
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Fontes: IBM Archives, New York Times, BBC, Scientific American, ChessBase