
Nova tecnologia usa sinais sem fio comuns para monitorar frequência cardíaca e até detectar apneia do sono, sem dispositivos vestíveis
Pesquisadores desenvolveram uma técnica inovadora que transforma sinais de Wi-Fi em ferramentas de monitoramento de saúde com precisão clínica. Chamado de Pulse-Fi, o sistema é capaz de medir a frequência cardíaca de um indivíduo sem a necessidade de dispositivos vestíveis — como relógios ou sensores no corpo — e ainda funciona mesmo que a pessoa esteja sentada, deitada, se movimentando ou em diferentes cômodos.
A tecnologia combina componentes de baixo custo, como transmissores e receptores Wi-Fi baseados em ESP32 e Raspberry Pi, com um sofisticado algoritmo de interpretação de sinais. O método analisa pequenas variações no sinal de Wi-Fi refletido pelo corpo humano causadas pelos movimentos ínfimos provocados pelas batidas do coração e pela respiração.
Segundo os pesquisadores responsáveis, o Pulse-Fi atingiu níveis de precisão comparáveis aos equipamentos clínicos tradicionais, como oxímetros e monitores cardíacos hospitalares. Além da frequência cardíaca, o sistema demonstrou desempenho promissor no monitoramento da respiração e na detecção de distúrbios respiratórios durante o sono, como a apneia.
Diferente de outras soluções de monitoramento por radar ou sensores ópticos, o Pulse-Fi tem como diferencial o uso de infraestrutura Wi-Fi já existente nos lares e escritórios, tornando possível o monitoramento contínuo sem necessidade de equipamentos caros, intrusivos ou desgastantes para o paciente.
A técnica pode ser aplicada em uma ampla variedade de contextos — desde a telemedicina e cuidados com idosos até o monitoramento noturno de pacientes com doenças respiratórias ou cardiovasculares. A facilidade de implementação e o baixo custo também favorecem sua adoção em larga escala, especialmente em países com infraestrutura limitada.
Outro ponto de destaque é a resistência do sistema a obstáculos: mesmo com paredes finas ou objetos no ambiente, o Pulse-Fi consegue manter a precisão graças ao uso de múltiplos pontos de recepção e transmissão. Em testes, ele superou limitações comuns em sensores que exigem contato direto com a pele ou posicionamento específico.
A tecnologia ainda está em fase de experimentação, mas especialistas do setor consideram que ela pode revolucionar o conceito de casas inteligentes e dispositivos de saúde conectados, tornando possível monitorar a saúde de forma constante, invisível e sem incômodo ao usuário. O Pulse-Fi pode ainda ser integrado a assistentes virtuais, alarmes médicos e sistemas de emergência automatizados.
Para quem sofre de apneia do sono, por exemplo, o sistema oferece uma alternativa não intrusiva aos equipamentos tradicionais de diagnóstico, como os polissonógrafos, que exigem sensores no corpo e monitoramento em clínicas especializadas.
Embora o uso de sinais Wi-Fi para fins médicos ainda gere discussões sobre privacidade e segurança de dados, a comunidade científica está otimista quanto ao futuro dessa abordagem. Os resultados obtidos até agora mostram que a fronteira entre conectividade e saúde está cada vez mais tênue, e que redes Wi-Fi podem desempenhar um papel fundamental no cuidado contínuo com a saúde — silenciosamente, no pano de fundo do nosso cotidiano.
Você usaria um sistema Wi-Fi para monitorar sua saúde em casa? Ou ainda prefere métodos tradicionais? Conte pra gente nos comentários!
Fontes:
Nature Communications, IEEE Spectrum, TechCrunch, MIT Technology Review, Wired