
WhatsApp Interrompe Campanha de Spyware Contra Jornalistas e Ativistas
O WhatsApp, plataforma de mensagens pertencente à Meta, anunciou recentemente a interrupção de uma campanha de espionagem que visava aproximadamente 90 jornalistas e membros da sociedade civil em mais de 20 países. A ofensiva utilizava um spyware desenvolvido pela empresa israelense Paragon Solutions, conhecido como Graphite.
Detalhes da Ameaça
O spyware Graphite é capaz de infectar dispositivos sem a necessidade de interação do usuário, caracterizando um ataque “zero-click”. Uma vez instalado, o software concede aos invasores acesso completo ao dispositivo, incluindo a capacidade de ler mensagens criptografadas em aplicativos como WhatsApp e Signal. A infecção ocorria através do envio de arquivos PDF maliciosos em grupos de conversa no WhatsApp.
Ação do WhatsApp
Ao identificar a ameaça, o WhatsApp notificou diretamente os usuários afetados sobre a possível invasão de seus dispositivos. Além disso, a empresa emitiu uma notificação extrajudicial à Paragon Solutions, exigindo a cessação imediata de suas atividades maliciosas, e está avaliando possíveis medidas legais contra a empresa israelense.
Repercussão Entre as Vítimas
Entre os alvos identificados está Luca Casarini, ativista italiano e cofundador da ONG Mediterranea Saving Humans, que realiza operações de resgate de migrantes no Mar Mediterrâneo. Casarini foi informado pelo WhatsApp sobre a tentativa de invasão em seu dispositivo. Outro caso notável é o do jornalista italiano Francesco Cancellato, editor-chefe do veículo investigativo Fanpage, conhecido por suas reportagens sobre grupos de extrema-direita na Itália.
Resposta da Paragon Solutions
Até o momento, a Paragon Solutions não se pronunciou oficialmente sobre as acusações. A empresa, que se apresenta como fornecedora de soluções de “ciberdefesa” éticas, foi recentemente adquirida pelo grupo de investimento norte-americano AE Industrial Partners. O spyware Graphite, desenvolvido pela Paragon, é comercializado para agências governamentais e é capaz de acessar dados de dispositivos, incluindo mensagens criptografadas.
Implicações e Preocupações
Este incidente destaca as crescentes preocupações com o uso de spyware por empresas privadas e governos, especialmente quando direcionados a jornalistas e ativistas. A capacidade desses softwares de contornar medidas de segurança e acessar informações sensíveis sem o conhecimento dos usuários levanta questões significativas sobre privacidade e direitos humanos. O WhatsApp enfatizou a necessidade de responsabilizar empresas de spyware por suas ações ilegais e reafirmou seu compromisso em proteger a privacidade de seus usuários.
Medidas de Proteção para Usuários
Diante de ameaças como o spyware Graphite, é fundamental que os usuários adotem medidas para proteger seus dispositivos e dados pessoais:
• Manter Aplicativos Atualizados: Certifique-se de que todos os aplicativos, especialmente os de comunicação, estejam atualizados para as versões mais recentes, que incluem correções de segurança.
• Cuidado com Arquivos Recebidos: Evite abrir arquivos de origem desconhecida ou suspeita, mesmo que pareçam inofensivos.
• Configurações de Privacidade: Revise as configurações de privacidade de seus aplicativos e dispositivos para limitar o acesso a informações sensíveis.
• Uso de Ferramentas de Segurança: Considere o uso de softwares antivírus e ferramentas de detecção de malware para monitorar atividades suspeitas.
Conclusão
A interrupção desta campanha de espionagem pelo WhatsApp ressalta a importância da vigilância contínua e da implementação de medidas de segurança robustas para proteger a privacidade dos usuários. À medida que as ameaças cibernéticas evoluem, é crucial que empresas de tecnologia, governos e indivíduos trabalhem juntos para garantir um ambiente digital seguro e confiável.
Fontes: The Guardian, Reuters, The Verge