😐 ANPD proíbe pagamento por escaneamento de íris no Brasil

ANPD proíbe pagamento por escaneamento de íris no Brasil

ANPD proíbe pagamento por escaneamento de íris no Brasil

Em 24 de janeiro de 2025, a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) determinou que a Tools for Humanity (TfH), responsável pelo projeto Worldcoin, suspenda imediatamente a oferta de compensações financeiras em troca do escaneamento da íris de brasileiros. A decisão, em vigor desde 25 de janeiro, busca assegurar que o tratamento de dados biométricos sensíveis esteja em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Contexto do Projeto Worldcoin

O projeto Worldcoin, cofundado por Sam Altman, CEO da OpenAI, e Alex Blania, tem como objetivo criar uma identidade digital global baseada na biometria da íris. A iniciativa utiliza um dispositivo chamado “Orb” para escanear a íris dos participantes, gerando um identificador único que comprova a singularidade de cada indivíduo. Em troca desse procedimento, os participantes recebem uma compensação em criptomoedas, equivalente a aproximadamente R$ 600, distribuída ao longo de um ano. 

Investigação e Decisão da ANPD

A ANPD iniciou, em novembro de 2024, uma investigação para avaliar o tratamento de dados biométricos pelo projeto Worldcoin. A Coordenação-Geral de Fiscalização (CGF) da ANPD concluiu que a oferta de compensação financeira pode comprometer o consentimento livre e informado dos participantes, especialmente em situações de vulnerabilidade econômica. De acordo com a LGPD, o consentimento para o tratamento de dados pessoais sensíveis, como dados biométricos, deve ser livre, informado, inequívoco e fornecido de maneira específica e destacada para finalidades específicas. 

A CGF destacou que a remuneração oferecida pela TfH pode influenciar a decisão dos titulares dos dados, interferindo na manifestação de vontade e agravando o impacto em contextos de hipossuficiência financeira. Além disso, a ANPD apontou a gravidade do tratamento de dados biométricos pela TfH, ressaltando a irreversibilidade do consentimento, uma vez que a coleta da íris não pode ser revertida, impossibilitando a exclusão dos dados após o processamento. A ANPD também exigiu que a TfH indique, em seu site, o encarregado pelo tratamento de dados pessoais, conforme previsto na LGPD. 

Resposta da Tools for Humanity

Em nota, a TfH afirmou que está em conformidade com todas as leis e regulamentos do Brasil e atribuiu a decisão da ANPD a “relatos imprecisos recentes e atividades nas mídias sociais” que resultaram em informações falsas para a autoridade. A empresa declarou estar em contato com a ANPD e confiante de que poderá trabalhar com o órgão para garantir a continuidade da participação dos brasileiros na rede Worldcoin. 

Repercussão Internacional

A decisão da ANPD alinha-se a medidas semelhantes adotadas por outras autoridades de proteção de dados ao redor do mundo. Em dezembro de 2024, o órgão de proteção de dados da Baviera, na Alemanha, ordenou a exclusão de todos os dados coletados pela Worldcoin na União Europeia, alegando falta de base legal para a coleta. Na Coreia do Sul, a Worldcoin foi multada em 1,1 bilhão de wons (aproximadamente R$ 4,6 milhões) por violar a lei de proteção de dados do país. Além disso, a província de Buenos Aires, na Argentina, multou a Worldcoin em 194 milhões de pesos (cerca de R$ 1,1 milhão) por cláusulas abusivas em seus termos de uso. 

Implicações Futuras

A proibição da ANPD levanta questões sobre a ética e a legalidade da coleta de dados biométricos em troca de compensações financeiras, especialmente em contextos de vulnerabilidade econômica. A decisão destaca a importância de garantir que o consentimento para o tratamento de dados sensíveis seja verdadeiramente livre e informado, sem influências externas que possam comprometer a autonomia dos indivíduos. Empresas que operam com dados biométricos devem estar atentas às regulamentações locais e internacionais, assegurando a conformidade com as leis de proteção de dados e respeitando os direitos dos titulares.

Conclusão

A decisão da ANPD de proibir a oferta de compensações financeiras pelo escaneamento da íris no Brasil reflete uma preocupação crescente com a proteção de dados pessoais sensíveis e a necessidade de garantir o consentimento livre e informado dos indivíduos. À medida que tecnologias de identificação biométrica se tornam mais comuns, é essencial que as empresas adotem práticas transparentes e éticas no tratamento desses dados, respeitando as legislações vigentes e os direitos dos titulares.

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